EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

10 de abril de 2008

Deliciosamente excitante...

Sofres, porque habitas um palácio imaginário
Sofres, porque sabes como te chamas, mas ignoras quem és
Sofres, porque cada satisfação é paga com muitas insatisfações
Sofres, porque quase sempre o que desejas, não é o que precisas
Sofres, porque não vais além do coração. E porque o coração não vai além de ti. E porque ambos se atrapalham
Sofres porque tens medo e porque tens medo de ter medo
Sofres porque tens dificuldade em olhar para a frente. E porque olhar para trás te pode transformar numa estátua de sal
Sofres porque a tua infâmia pode preencher a primeira página, e porque a primeira página nunca fala de ti, nem que seja para mostrar a tua infâmia
Sofres porque grande é a sensação de ameaça e porque enorme é o tédio do desespero tatuado fundo
Sofres porque o que te faz feliz, te faz infeliz
Sofres porque a vida é amarga e doce é a ilusão
Sofres porque sabes tudo isto, e desconheces tudo isto, e porque o conhecimento ou o desconhecimento das coisas são sempre a primeira e a última das razões para invocares o teu sofrimento...

Mas
Amo-te
Por que habitas um palácio imaginário
Amo-te porque sabes quem me és
Amo-te porque a satisfação vem com cicatrizes, mas preferes o pó do enxofre, ao ar puro, mas estéril
Amo-te, não por aquilo que precisas, mas porque te quero
Amo-te, porque entre tu e o teu coração, estás aquém de tudo
Amo-te, porque tens medo
Amo-te, porque o sal que te corta os lábios, tempera-me os beijos
Amo-te, porque não preciso de nenhuma página para te procurar
Amo-te, porque me ameaças com desespero
Amo-te, porque me fazes feliz e me fazes infeliz
Amo-te, porque a vida é amarga, mas doce é a ilusão
Amo-te porque sei tudo isto, ou desconheço tudo isto, e porque o conhecimento ou desconhecimento das coisas serão sempre apenas um pretexto para invocar o meu amor.
Amo-te, porque sim.


Escrito por Careca

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"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

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"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo

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