EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

18 de dezembro de 2011

APÓS o carinho do meu chicote ... cumpram-se as minhas ordens



"Que ninguém implore amor, nem afeto, nem mendigue qualquer sentimento que exija um pedaço do outro.
Viver de migalhas, jamais.
Soma-se de coisas que te façam bem, ignore qualquer tipo de sentimento que te subtraia.
Que tudo seja natural, principalmente nossas escolhas..."


Maíra Cintra

7 de dezembro de 2011

... Senhor !!!

"Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir.
Que eu continue alerta.
Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato.
Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém.
Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor.
Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre."

Caio Fernando Abreu


Hoje... Agora... Já... Acuda-me !!!

... hoje acordei com uma imensa vontade de me derreter na sua boca.
(Diva)



29 de novembro de 2011

Seria cômico se não fosse trágico...

Homem que é homem

Homem que é Homem não usa camiseta sem manga, a não ser para jogar basquete. Homem que é Homem não gosta de canapés, de cebolinhas em conserva ou de qualquer outra coisa que leve menos de 30 segundos para mastigar e engolir. Homem que é Homem não come suflê. Homem que é Homem — de agora em diante chamado HQEH — não deixa sua mulher mostrar a bunda para ninguém, nem em baile de carnaval. HQEH não mostra a sua bunda para ninguém. Só no vestiário, para outros homens, e assim mesmo, se olhar por mais de 30 segundos, dá briga.

HQEH só vai ao cinema ver filme do Franco Zeffirelli quando a mulher insiste muito, e passa todo o tempo tentando ver as horas no escuro. HQEH não gosta de musical, filme com a Jill Clayburgh ou do Ingmar Bergman. Prefere filmes com o Lee Marvin e Charles Bronson. Diz que ator mesmo era o Spencer Tracy, e que dos novos, tirando o Clint Eastwood, é tudo veado.

HQEH não vai mais a teatro porque também não gosta que mostrem a bunda à sua mulher. Se você quer um HQEH no momento mais baixo de sua vida, precisa vê-lo no balé. Na saída ele diz que até o porteiro é veado e que se enxergar mais alguém de malha justa, mata.

E o HQEH tem razão. Confesse, você está com ele. Você não quer que pensem que você é um primitivo, um retrógrado e um machista, mas lá no fundo você torce pelo HQEH. Claro, não concorda com tudo o que ele diz. Quando ele conta tudo o que vai fazer com a Feiticeira no dia em que a pegar, você sacode a cabeça e reflete sobre o componente de misoginia patológica inerente à jactância sexual do homem latino. Depois começa a pensar no que faria com a Feiticeira se a pegasse. Existe um HQEH dentro de cada brasileiro, sepultado sob camadas de civilização, de falsa sofisticação, de propaganda feminina e de acomodação. Sim, de acomodação. Quantas vezes, atirado na frente de um aparelho de TV vendo a novela das 8 — uma história invariavelmente de humilhação, renúncia e superação femininas — você não se perguntou o que estava fazendo que não dava um salto, vencia a resistência da família a pontapés e procurava uma reprise do Manix em outro canal? HQEH só vê futebol na TV. Bebendo cerveja. E nada de cebolinhas em conserva! HQEH arrota e não pede desculpas.

*

Se você não sabe se tem um HQEH dentro de você, faça este teste. Leia esta série de situações. Estude-as, pense, e depois decida como você reagiria em cada situação. A resposta dirá o seu coeficiente de HQEH. Se pensar muito, nem precisa responder: você não é HQEH. HQEH não pensa muito!

Situação 1

Você está num restaurante com nome francês. O cardápio é todo escrito em francês. Só o preço está em reais. Muitos reais. Você pergunta o que significa o nome de um determinado prato ao maître. Você tem certeza que o maître está se esforçando para não rir da sua pronúncia. O maître levará mais tempo para descrever o prato do que você para comê-lo, pois o que vem é uma pasta vagamente marinha em cima de uma torrada do tamanho aproximado de uma moeda de um real, embora custe mais de cem. Você come de um golpe só, pensando no que os operários são obrigados a comer. Com inveja. Sua acompanhante pergunta qual é o gosto e você responde que não deu tempo para saber. 0 prato principal vem trocado. Você tem certeza que pediu um "Boeuf à quelque chose" e o que vem é uma fatia de pato sem qualquer acompanhamento. Só. Bem que você tinha notado o nome: "Canard melancolique". Você a princípio sente pena do pato, pela sua solidão, mas muda de idéia quando tenta cortá-lo. Ele é um duro, pode agüentar. Quando vem a conta, você nota que cobraram pelo pato e pelo "boeuf' que não veio. Você: a) paga assim mesmo para não dar à sua acompanhante a impressão de que se preocupa com coisas vulgares como o dinheiro, ainda mais o brasileiro; b) chama discretamente o maître e indica o erro, sorrindo para dar a entender que, "Merde, alors", estas coisas acontecem; ou c) vira a mesa, quebra uma garrafa de vinho contra a parede e, segurando o gargalo, grita: "Eu quero o gerente e é melhor ele vir sozinho!

Situação 2

Você foi convencido pela sua mulher, namorada ou amiga — se bem que HQEH não tem "amigas", quem tem "amigas" é veado — a entrar para um curso de Sensitivação Oriental. Você reluta em vestir a malha preta, mas acaba sucumbindo. O curso é dado por um japonês, provavelmente veado. Todos sentam num círculo em volta do japonês, na posição de lótus. Menos você, que, como está um pouco fora de forma, só pode sentar na posição do arbusto despencado pelo vento.

Durante 15 minutos todos devem fechar os olhos, juntar as pontas dos dedos e fazer "rom", até que se integrem na Grande Corrente Universal que vem do Tibete, passa pelas cidades sagradas da Índia e do Oriente Médio e, estranhamente, bem em cima do prédio do japonês, antes de voltar para o Oriente. Uma vez atingido este estágio, todos devem virar para a pessoa ao seu lado e estudar seu rosto com as pontas dos dedos. Não se surpreendendo se o japonês chegar por trás e puxar as suas orelhas com força para lembrá-lo da dualidade de todas as coisas. Durante o "rom" você faz força, mas não consegue se integrar na grande corrente universal, embora comece a sentir uma sensação diferente que depois revela-se ser câimbra. Você: a) finge que atingiu a integração para não cortar a onda de ninguém; b) finge que não entendeu bem as instruções, engatinha fazendo "rom" até o lado daquela grande loura e, na hora de tocar o seu rosto, erra o alvo e agarra os seios, recusando-se a soltá-los mesmo que o japonês quase arranque as suas orelhas; c) diz que não sentiu nada, que não vai seguir adiante com aquela bobagem, ainda mais de malha preta, e que é tudo coisa de veado.

Situação 3

Você está numa daquelas reuniões em que há lugares de sobra para sentar, mas todo mundo senta no chão. Você não quis ser diferente, se atirou num almofadão colorido e tarde demais descobriu que era a dona da casa. Sua mulher ou namorada está tendo uma conversa confidencial, de mãos dadas, com uma moça que é a cara do Charlton Heston, só que de bigode. O jantar é à americana e você não tem mais um joelho para colocar o seu copo de vinho enquanto usa os outros dois para equilibrar o prato e cortar o pedaço de pato, provavelmente o mesmo do restaurante francês, só que algumas semanas mais velho. Aí o cabeleireiro de cabelo mechado ao seu lado oferece:

— Se quiser usar o meu...

— O seu...?

— Joelho.

— Ah...

— Ele está desocupado.

— Mas eu não o conheço.

— Eu apresento. Este é o meu joelho.

— Não. Eu digo, você...

— Eu, hein? Quanta formalidade. Aposto que se eu estivesse oferecendo a perna toda você ia pedir referências. Ti-au.

Você: a) resolve entrar no espírito da festa e começa a tirar as calças; b) leva seu copo de vinho para um canto e fica, entre divertido e irônico, observando aquele curioso painel humano e organizando um pensamento sobre estas sociedades tropicais, que passam da barbárie para a decadência sem a etapa intermediária da civilização; ou c) pega sua mulher ou namorada e dá o fora, não sem antes derrubar o Charlton Heston com um soco.

Se você escolheu a resposta a para todas as situações, não é um HQEH. Se você escolheu a resposta b, não é um HQEH. E se você escolheu a resposta c, também não é um HQEH. Um HQEH não responde a testes. Um HQEH acha que teste é coisa de veado.

*

Este país foi feito por Homens que eram Homens. Os desbravadores do nosso interior bravio não tinham nem jeans, quanto mais do Pierre Cardin. O que seria deste pais se Dom Pedro I tivesse se atrasado no dia 7 em algum cabeleireiro, fazendo massagem facial e cortando o cabelo à navalha? E se tivesse gritado, em vez de "Independência ou Morte", "Independência ou Alternativa Viável, Levando em Consideração Todas as Variáveis!"? Você pode imaginar o Rui Barbosa de sunga de crochê? O José do Patrocínio de colant? 0 Tiradentes de kaftan e brinco numa orelha só? Homens que eram Homens eram os bandeirantes. Como se sabe, antes de partir numa expedição, os bandeirantes subiam num morro em São Paulo e abriam a braguilha. Esperavam até ter uma ereção e depois seguiam na direção que o pau apontasse. Profissão para um HQEH é motorista de caminhão. Daqueles que, depois de comer um mocotó com duas Malzibier, dormem na estrada e, se sentem falta de mulher, ligam o motor e trepam com o radiador. No futebol HQEH é beque central, cabeça-de-área ou centroavante. Meio-de-campo é coisa de veado. Mulher do amigo de Homem que é Homem é homem. HQEH não tem amizade colorida, que é a sacanagem por outros meios. HQEH não tem um relacionamento adulto, de confiança mútua, cada um respeitando a liberdade do outro, numa transa, assim, extraconjugal mas assumida, entende? Que isso é papo de mulher pra dar pra todo mundo. HQEH acha que movimento gay é coisa de veado.

HQEH nunca vai a vernissage.

HQEH não está lendo a Marguerite Yourcenar, não leu a Marguerite Yourcenar e não vai ler a Marguerite Yourcenar.

HQEH diz que não tem preconceito mas que se um dia estivesse numa mesma sala com todas as cantoras da MPB, não desencostaria da parede.

Coisas que você jamais encontrará em um HQEH: batom neutro para lábios ressequidos, pastilhas para refrescar o hálito, o telefone do Gabeira, entradas para um espetáculo de mímica.

Coisas que você jamais deve dizer a um HQEH: "Ton sur ton", "Vamos ao balé?", "Prove estas cebolinhas".

Coisas que você jamais vai ouvir um HQEH dizer: "Assumir", "Amei", "Minha porção mulher", "Acho que o bordeau fica melhor no sofá e a ráfia em cima do puf".

Não convide para a mesma mesa: um HQEH e o Silvinho.

HQEH acha que ainda há tempo de salvar o Brasil e já conseguiu a adesão de todos os Homens que são Homens que restam no país para uma campanha de regeneração do macho brasileiro.

Os quatro só não têm se reunido muito seguidamente porque pode parecer coisa de veado.

Luis Fernando Verissimo

8 de novembro de 2011

Inteiro...


"Não me venha com meios-termos
com mais ou menos ou qualquer coisa.
venha à mim com corpo,
alma, vísceras, tripas e falta de ar."


Marla Queiro



Amar... Amor...

"Que pode uma criatura senão,
Entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
Amar e malamar,
Amar e desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal, senão
Rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
É sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
O que é entrega ou adoração expectante,
E amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor, um chão de ferro,
E o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
Distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
Doação ilimitada a uma completa ingratidão,
E na concha vazia do amor a procura medrosa,
Paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
Amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."


Carlos Drummond de Andrade


... me amava sozinha... vc não me vinha, pois é.



"Eita, que menina doida! Fala sozinha e ama também."

Caio Fernando Abreu


6 de novembro de 2011

Viver...


"Viver é um descuido prosseguido."

Sigo à risca. Me descuido e vou...
Quebro a cara. Quebro o coração.
Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentidos.
Viver não é perigoso? Então, com sua licença!
Não tenho medo. Nasci assim.
Encantada pela vida. O sertão é dentro da gente.
Ah, como não? Aqui tudo é achado.
Somos ferro e fogo. Perigo nunca falta!
Sertão é igual coração.
Se quiser, que venha armado! Tudo é igual.
Aqui se vive. Aqui se morre. Dentro e fora da gente.
Confusão demais em grande demasiado sossego”

Guimarães Rosa


Felicidade


Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio às burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado.
Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.
O destino da felicidade, me foi traçado no berço.

Caio Fernando Abreu

Infinito de possibilidades !!!

Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. Sou do tipo que lê um toque, que observa com o coração e caminha com os pés da imaginação. Multiplico meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os dias novas formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui, sei que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída. Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis.

Fernanda Gaona


O amor quando é amor é amor...


No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo delicioso de se sentir que escorregava de dentro da gente e se esparramava no sorriso. Escapulia no olhar. Cantava no silêncio. Fazia florescer pés de sol no tempo encantado em que estávamos juntos. Dispensava nomes e entendimentos. Havia algo que tinha um cheiro inconfundível de alegria. De vida abraçada. De chuva quando beija a aridez. De lua quando é cheia e o céu diz estrelas. Um cheiro da paz risonha do encontro que é bom.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo maravilhoso para ser dado e recebido, daqueles presentes que a vida embrulha com os seus papéis mais bonitos e entrega, toda contente, para duas pessoas. Havia algo para ser trocado, e troca é quando duas vidas se sentem olhadas ao mesmo tempo. Havia algo que fazia um coração falar com o outro, ouvir o que era dito, gostar do que era dito, rir com o que era dito, sentir-se espelhado, sentir-se enternecido, querer brincar, muito além do que qualquer palavra, por qualquer motivo, por qualquer defesa, tentasse, em vão, esclarecer. Uma vontade de parar todos os relógios do mundo para eternizar a dádiva da presença compartilhada, e a impressão de que às vezes até conseguíamos.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo que escapava, ileso, dos artifícios todos, todos tolos, que a razão arranjava para não deixar o amor fluir com a beleza dele, o chamado dele, a natureza dele. Amor sempre arruma brecha para escoar entre os dedos temerosos do medo. Pode ser que a gente sinta tanto receio e se proteja tanto, as feridas antigas cicatrizadas coisíssima nenhuma, que nem consiga vivê-lo em sua plenitude. Mas que ele escoa, escoa. Esparrama no sorriso. Escapole no olhar. Canta no silêncio. Diz.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo que delatava o desejo, os quarteirões da gente todos iluminados com o fogo feliz da sensualidade, iluminadas as ruas todas que dão acesso ao lugar onde o corpo e a alma costumam se encontrar e dançar numa única canção. Havia algo que não podia ser negado, preterido, amordaçado. Algo que inaugura primavera, tanto faz se é inverno. Algo raro e precioso. Que é perfeito, ao mesmo tempo que consegue incluir todas as imperfeições. Que é lindo, ao mesmo tempo que consegue integrar as esquisitices todas que gente também tem. Havia amor e, de um jeito ou de outro, sabíamos, havia chegado pra ficar.

O amor quando é amor é amor

Ana Jacomo


14 de outubro de 2011

...coragem


"As almas frias
as azêmolas
os cegos os bêbados
não tem coragem
Aquele que tem coragem
é o que conhece o medo
mas domina o medo.
É o que vê o abismo
mas tem orgulho do abismo.
Mas com um olhar de águia
aquele que apreende o abismo
mas com garras de águia
esse tem coragem."

Friedrich Nietzsche

28 de setembro de 2011

Homenagem a Minha Querida Amiga Kelly EM escrava do MestreEDUMASTER

Aos que dançam aos sons coloridos da fantasia, aos que fazem os corpos tremer, voar e mostrar, essas pitadas de filosofia, poesia e folia, escritas por Nietzsche, discípulo de Dionísio, deus do vinho, das festas, das orgias e do prazer...

Fantasiado de filosofo ele se junta aos cordões de foliões...

"Eu poderia crer somente num deus que dançasse. E quando vi o meu demônio eu o encontrei sério, rigoroso, profundo e solene: era o espírito da gravidade por ele todas as coisas afundam. Não se mata por meio do ódio. Mata-se por meio do riso. Venham, vamos matar o espírito de gravidade! Agora estou leve! Agora eu voo! Agora um deus dança através do meu corpo."

Num homem real se esconde uma criança... que deseja brincar...

"Somente na dança eu sei contar a parábola das coisas mais altas! Quanto a mim, gosto da vida: borboletas e bolhas de sabão e todas as coisas que, entre os homens, se assemelhem a elas. Vendo flutuar essas almas leves, tolas, moveis, pequenas isso seduz Zaratustra a lágrimas e canções."

O homem tem sentido muito pouca alegria: esse, somente, meus irmãos, é o nosso pecado original.

Um homem de verdade deseja duas coisas: perigo e brincar.

A maturidade de um homem consiste em achar de novo a seriedade que se tinha como criança ao brincar.

E vocês, para quem a vida é um trabalho furioso e agitação, não estão cansados da vida? Não estão maduros para a pregação da morte? Todos vocês, que amam o trabalho furioso, o que é rápido, novo e estranho na verdade vocês acham difícil suportar vocês mesmos. O seu trabalho é uma fuga, uma vontade de se esquecerem de vocês mesmos. Se acreditassem mais na vida, não se agitariam tanto. Mas vocês não têm conteúdo suficiente em vocês mesmos para esperar e nem mesmo tempo para a preguiça.

Digo-lhes: é preciso ter caos dentro de si mesmo para ser capaz de dar à luz uma estrela dançante.

As palavras e os sons, não são eles pontes iridescentes e etéreas entre coisas eternamente separadas? Os nomes e os sons não foram dados às coisas para que nós as achássemos mais refrescantes? A fala é uma deliciosa loucura. Por meio dela o homem dança sobre todas as coisas.

O fundo do meu mar é tranquilo: quem poderia imaginar que nele vivem monstros brincalhões? Minhas profundezas são imperturbáveis. Mas elas cintilam com enigmas e risos nadantes.

Gosto de me assentar aqui onde as crianças brincam, ao lado da parede em ruínas, entre espinhos e papoulas vermelhas. Para as crianças, sou ainda um sábio, e também para os espinhos e papoulas vermelhas.

Foi-se a penumbra hesitante da minha primavera! Foi-se a maldade dos meus flocos de neve no verão. Tornei-me verão inteiramente, meio-dia de verão! Verão nas esferas altas com fontes frescas e silêncio abençoado. Oh! Venham meus amigos, para que o silêncio se torne mais abençoado ainda!

O deleite do artista naquilo que é passageiro, a alegria do artista que desafia todo sofrimento, é meramente uma imagem brilhante de nuvens e céu espelhada no lago negro da tristeza.

Rubem Alves

27 de setembro de 2011

Calcinhas...


"A calcinha trouxe benefícios às mulheres, bem mais trouxe para os homens. Porque, a partir daí, os homens passaram a ter o indizível prazer de tirar uma calcinha. As mulheres talvez não consigam compreender esse que é um dos momentos mais felizes da vida de um homem - quando ele, pela primeira vez, tira a calcinha de uma mulher há muito desejada.
Diversos dos meus amigos afirmam que tirar a calcinha da mulher amada é melhor até do que o sexo subseqüente.


Porque tirar a calcinha equivale a vencer as últimas resistências, a derrubar com um aríete as portas da cidadela sitiada. Lá está aquela mulher cobiçada e linda, que seus amigos queriam, que seu chefe queria, que você sempre quis, e você prende as alças da minúscula calcinha dela entre os indicadores e os polegares, vai baixando a calcinha, baixando, baixando, e sorri, e olha para o teto, e pensa: obrigado, Senhor! Essa é a emoção de baixar uma calcinha. Emoção que as mulheres jamais compreenderão.


O sutiã. Elas cogitam muito do sutiã. E, claro, o sutiã tem o seu valor. Sobretudo o "plec". É uma alegria, quando o sutiã faz "plec"!, ao se abrir. Mas o sutiã é meio complicado, vez em quando hostil, quando não inviolável. Além do mais, quem precisa de um sutiã aberto? A calcinha, não. A calcinha, sendo retirada, representa o tesouro sendo desvelado. Representa a visão da Terra Prometida. Vocês, mulheres, entenderam enfim o que significa, para nós homens, tirar a calcinha da amada? Certo, agora, homens e mulheres pensem em Henrique. Foi ele, Henrique II, o primeiro homem do planeta a baixar uma calcinha. Porque Henrique II era o rei da França, marido de Catarina. Logo, coube a ele o privilégio de executar o primeiro baixamento de calcinha da História da Humanidade. Que momento! Que homem feliz..."


Publicado por Roxy

Depois nos que somos os depravados... rsrsrs


A.E.C. 23, e A.F.C., 27, caseiros de uma fazenda no distrito de Itumirim, município de Serranópolis (Goiânia) disseram que foram impedidos de se casar no último sábado (23) depois que o padre Gerônimo Cabral Moura, foi informado de que a noiva estava sem calcinha na cerimônia religiosa.

O local onde vivem, com cerca de 1.200 habitantes, divididos nas zonas rural e urbana, fica em uma região agrícola do Estado, quase na fronteira com o Mato Grosso do Sul.

Eles contaram que o episódio começou quando uma das pessoas que estava na cerimônia ouviu a noiva comentar que estaria se casando sem as roupas íntimas e contou ao padre. Ouvidos pela reportagem, os noivos não souberam precisar quem seria a delatora, pois só souberam do fato quando o padre pediu para que A.E.C. fosse até a sacristia.

Por achar a atitude “estranha e imoral”, o padre pediu que uma freira carmelita, que vive na paróquia local, acompanhasse a noiva. Ela então foi submetida a uma espécie de averiguação na sacristia, e o fato foi comprovado pela religiosa.

Por conhecer a linha moralista e tradicional do padre e da comunidade, a freira contou que não havia nada debaixo do vestido.

O padre, então, no altar, fez, segundo relato dos noivos, a seguinte colocação: "Peço que a noiva decida se vai continuar como está ou vai vestir as roupas íntimas". Diante da recusa, ele disse que "por achar a atitude estranha e imoral não realizaria o casamento", e encerrou a cerimônia.

Os noivos se disseram revoltados, e decidiram formalizar um pedido de afastamento do padre à Cúria Diocesana de Jataí ( Goiânia), e ameaçaram também acionar a Justiça contra a Igreja.

Novo casamento:
Apesar de todo o desconforto e constrangimento causado pela recusa do padre, o casal remarcou a cerimônia para o dia 20 de agosto, em Chapadão do Céu (Goiânia), cidade vizinha. “Só queria me casar como vim ao mundo. Como sem vestido não dá, ao menos sem calcinha”, relatou a noiva sobre o episódio.

E ela ainda afirmou que vai repetir o feito, e espera que a nova cerimônia não seja novamente impedida. O noivo brincou que não estava sem cueca, mas que concorda com a vontade da noiva, e que isso não muda em nada o compromisso dos dois com a igreja.

Posição da igreja:
A Cúria Diocesana confirmou que foi mesmo notificada pelos noivos em Jataí. A Cúria informou que recebeu o comunicado e, diante da reclamação contra o padre, está averiguando para decidir se será tomada alguma medida. O bispo da região, dom José Luiz Majella Delgado, está no Vaticano e só deve se pronunciar depois que retornar.

A coordenadora do curso de noivos e padrinhos da Diocese de Jataí, E.T.C.S., disse que não poderia falar sobre o caso específico, mas que pode afirmar que “muitos noivos têm desrespeitado os bons costumes e a tradição da igreja”, e que até os penteados das noivas e a falta do véu têm sido questionados.

Quanto à atitude do padre Moura, ela relatou que a igreja preserva muito os costumes e tradições, mas não existe uma regra que exija que o padre faça de um ou de outro modo.“É claro que a Igreja tem o papel de orientadora, aconselha os casais, na forma de se vestirem, portarem dentro da igreja, durante a celebração do casamento, sobre a festa e sobre os atrasos absurdos que ocorrem, mas dentro da paróquia, quem manda é o pároco responsável”, completou a coordenadora.

24 de setembro de 2011

Deliciosamente Excitante

"Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita. O que aceita diz: não. Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é. Agora. No que está sendo. Pensar no que ainda não veio é fugir, buscar apoio em coisas externas a mim, de cuja consistência não posso duvidar porque não a conheço. Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar. Entrar nela significa viver."

Caio Fernando Abreu

23 de setembro de 2011

Procuro...

Procura-se algum lugar do planeta onde a vida seja sempre uma festa onde o homem não mate nem bicho nem homem e deixe em paz as árvores na floresta. Procura-se algum lugar no planeta onde a vida seja sempre uma dança e mesmo as pessoas mais graves tenham no rosto um olhar de criança.

Roseana Murray

Meu ser...



"Eu sou um ser totalmente passional.
Sou movida pela emoção, pela paixão... tenho meus desatinos...
Detesto coisas mais ou menos...
Não sei conviver com pessoas mais ou menos...
Não sei amar mais ou menos...
Não me entrego de forma mais ou menos...

Se você procura alguém coerente, sensata, politicamente correta, racional,
cheia de moralismo... ESQUEÇA-ME!
Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção... ACOLHA-ME!
Se você se assusta com esse meu jeito de ser... AFASTE-SE!
Se você quiser me conhecer melhor... APROXIME-SE!
Se você não não gosta de mim, IGNORE-ME!
E quando eu partir......NÃO CHORE!"

Clarice Lispector

22 de setembro de 2011

Eu gosto... eu quero !!!

"Eu gosto de extravagâncias quentes,
de suor humano,
sexualidade que explode o termômetro!
Eu sou neurótica, pervertida, destrutível, flamejante, perigosa, inflamável, incontrolável!
Eu me sinto como um animal selvagem
que escapa do confinamento..."

Anais Nin

15 de setembro de 2011

Minha Eterna Rainha, Minha Princesinha Encantada, Minha Lalaya


"(...) e me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas... dizer que te considero - pode ser por mais um mês, por mais um ano, ou quem sabe por uma vida - e que hoje, só por hoje ou a partir de hoje (de ontem, de sempre e de nunca), é sincero."
Caio Fernando Abreu

Amo-te


31 de agosto de 2011

Quando eu te encontrar...


Quando eu te encontrar

Sufocarei teus lábios com beijos lascivos,
irei profanar o céu de tua boca
com minha língua insana e torpe,
morderei levemente o lóbulo de sua orelha,
para em seguida atacar teu pescoço
com a voracidade de um vampiro amoral!...
Sugarei teus seios como um demente,
até que os mamilos se tornem rijos e eretos,
oferecendo-se em sacrifício consentido,
ao macho que te domina...
Interromperei a marcha de minha boca
em seu umbigo,
saboreando com sádico prazer,
tuas contorções obscenas,
na ânsia de sentir meus lábios
tocando tua virilha;
Vou aspirar o perfume erotizante
que emana da densa floresta,
até que, enlouquecida de paixão,
você agarre meus cabelos,
forçando meu rosto de encontro
a gruta úmida do prazer,
afogando-me em néctar de amor!...
Sem ouvir tuas súplicas,
voltarei pelo mesmo caminho,
até chegar a tua boca,
obrigando-te a sentir teu gosto
misturado ao meu...
Finalmente,
invadirei teu corpo sem pedir,
vigorosamente, sem piedade.
Corromperei tua alma
com palavras obscenas,
apertarei teu corpo contra o meu
como se fosse fundir os dois em um só,
até que não saibas mais quem és,
que deixes de existir,
para ser somente uma parte de mim mesmo,
que me foi tirada a muito, muito tempo,
e agora me pertence novamente...

by GREGLatinBoy
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24 de agosto de 2011

Desobvializar...

Desobvializar, é tirar o óbvio da sua vida, é estalar o dedo do pé, é acordar com o pé esquerdo, é usar um tênis de cada cor, é repintar o arco-íris.

Desobvializar é pular de paraquedas, é pular de paraquedas no dia do casamento, é pular de paraquedas na hora do casamento, é não pular de paraquedas.

É pular uma, duas três, quatro, cinco, seis, sete, oito ondas, é não entrar na onda, é criar uma nova onda.

Desobvializar, é mudar de nome, é inventar um nome, é escrever o seu nome com a outra mão, é escrever o seu nome na historia dos últimos 15 segundos. É não anunciar a dieta na segunda.

Desobvializar, é falar puxando o ar para dentro, é falar uma língua inventada, é falar o que ninguém espera, é ver o que ninguém vê, é não falar "pavê ou pacomê".

Desobvializar, é não ligar pra nada, é ligar para um numero qualquer, é não ligar os pontos, é publicar um conto, é namorar no telefone sem parecer um tonto.

Desobvializar, é chamar o garçom cantando "♪ Gaarrçooommm ♪", é não levantar o braço na mesa, é não coçar a cabeça se ele não atende,é coçar a cabeça do próprio garçom, é simplesmente inventar um som.

Desobvializar é não perguntar pro vizinho se vai chover, declamar um poema no elevador, é ir de escada, é ir de bicicleta na escada, é andar na rua de madrugada, é cantar rock na serenata.

Desobvializar é descombinar uma roupa, é fazer a própria roupa, é não se esconder em uma roupa, é não esconder que se ama, é não perguntar "eai, isso é pra homem?!".

Desobvializar, é tirar o óbvio da sua vida, é inventar a sua fé, é ser o que se é, é estalar o dedo do pé.

Desobvializar é reinventar. Sabe aquele dia estressante, cheio de correria, de horas marcadas, imprevistos, desencontros... é, esse foi o meu dia hoje.

Tinha todos os motivos para ficar estressada. Estou até de tpm, poxa! Mas, achei melhor fazer diferente.

Temos que aprender a jogar fora o lixo que impede de percebermos o que acontece e realmente importa.

Desobvializar é não fazer o óbvio. Diante dos problemas, do nervoso, das perdas e frustrações. É olhar pra frente e caminhar quando o mais fácil é se entregar de uma vez e desistir.

O mundo exige mais a quantidade do que a qualidade, e mesmo sem
concordar com isso sou obrigada a viver assim. Muitas vezes temos que fazer o óbvio pois grande parte das pessoas vivem do óbvio.

Esses dias tive que acordar mais cedo, sempre acordo 7h30, mas cheguei a acordar as 6h, pois era o único horário disponível para ir em uma consulta; acabei percebendo que acordar cedo não é nada ruim. O ruim mesmo é acordar, depois que agente levanta ai parece que as coisas fluem, e quanto mais cedo levantamos, mais disposição temos para aproveitar o lindo dia que vem pela frente.

Desobvializar exige esforços. Não é sempre que você tem vontade de inovar e sair com aquela roupa que está fora de moda mas que você adora. As vezes é mais fácil ligar para sua amiga/amigo e ver com que roupa ela/ele vai para não pagar mico. O que não percebemos é que o mico é sairmos todos iguais, padronizados.

"Produzidas com roupinhas da estação
Que viram no anúncio da televisão

Escravas da moda vocês são todas iguais
Cabelos, sorrisos e gestos artificiais

A sua filosofia é ser bonita e gostosa
Fora disso é uma sebosa tapada e preconceituosa
Seus lindos peitos não merecem respeito
Marionetes alienadas vocês não têm jeito"

Que você entenda que desobvializar é mais que inovar. É mexer naquilo que você não quer que mexam; é olhar para você e não enchergar outra pessoa; é ser, sem ter medo de parecer ridículo. É fazer, cantar, brincar, inventar... e quando não der certo, começar novamente e reinventar.


Raquel Brassal


Uma admoestação ao meu "futuro" escravo


"Acabamos por amar nosso próprio desejo, em lugar do objeto desejado." Nietzsche

O rapto de Perséfone

Perséfone é filha de Zeus e Deméter. Crescia feliz entre as ninfas e pouco se preocupava com o casamento quando o seu tio Hades se apaixonou por ela e, com a ajuda de Zeus, a raptou. Perséfone colhia flores, em companhia das suas ninfas quando a terra se abriu, Hades apareceu e levou a noiva para o mundo dos infernos.

Para Deméter começou de imediato a busca da sua filha, que a fez percorrer todo o mundo conhecido. No momento de desaparecer no abismo Perséfone soltou um grito. Deméter ouviu-a e a angústia apertou-lhe o coração. A deusa acorreu, mas não conseguiu encontrar a filha. Durante nove dias e nove noites, sem comer nem beber, a deusa vagueou pelo mundo com um archote aceso em cada mão. No primeiro dia encontrou Hécate, que também ouvira o grito mas não reconhecera o raptor, cuja cabeça estava envolta pelas sombras da Noite. Apenas o sol, que tudo vê, lhe pôde dizer o que se passara.

Enfurecida, a deusa decidiu não mais voltar ao Céu e ficar na terra, abdicando da sua função divina até que lhe devolvessem a filha. O exílio voluntário da deusa tornava a terra estéril e a ordem do mundo encontrava-se perturbada. Assim, Zeus ordenou a Hades que devolvesse Perséfone, mas tal já não era possível, em virtude de a jovem ter quebrado o jejum enquanto se encontrava nos Infernos. Por inadvertência (ou tentada por Hades) ela tinha ingerido uma baga de romã, o suficiente para ficar indissociavelmente ligada aos infernos para sempre. Para amenizar o seu sofrimento Zeus decidiu que Perséfone repartiria o seu tempo entre o mundo subterrâneo e o mundo dos vivos.





Dicionário da mitologia grega e romana - Pierre Grimal

5 de agosto de 2011

Minhas tempestades


"Diria que sou uma espécie de turbulência, composta por ventanias e relâmpagos sim, assustadores, mas sei também ser a brisa fresca, a calmaria, o céu claro do dia seguinte, tudo depende de como você reage às minhas tempestades..."

Yohana SanFer

Dominação Feminina por Elise Sutton

Dominação Feminina por Elise Sutton Descrição do Livro: Elise Sutton analisa o desejo predominante do sexo masculino a ser dominado por uma mulher. Ela explora a partir de uma perspectiva psicológica por que os homens têm desejos submissos em relação ao sexo feminino, quando esses desejos se originam, e como essa fantasia comum masculina reflete o que está acontecendo na sociedade, como as mulheres estão se tornando mais livre e independente. Elisa revela que a dominação feminina é uma grande tenda com muitas formas, expressões e estilos de vida nelas contidas. Elise leva o leitor para a vida pessoal e íntima dos casais de quarenta, que não são diferentes de seus familiares, as pessoas que trabalham com ou as pessoas que você se socializar com, ainda que as variações prática diferente do estilo de vida Dominação Feminina. Descrição do livro: Elise Sutton analisa o desejo predominante do sexo masculino a ser dominado por uma mulher. Ela explora a partir de uma perspectiva psicológica por que os homens têm desejos submissos em relação ao sexo feminino, quando esses desejos se originam, e como essa fantasia comum masculina reflete o que está acontecendo na sociedade, como as mulheres estão se tornando mais livre e independente. Elisa revela que a dominação feminina é uma grande tenda com muitas formas, expressões e estilos de vida nelas contidas. Elise leva o leitor para a vida pessoal e íntima dos casais de quarenta, que não são diferentes de seus familiares, as pessoas que trabalham com ou as pessoas que você se socializar com, ainda que as variações prática diferente do estilo de vida Dominação Feminina. Alguns casais gostam Dominação Feminina a ser suaves e sensuais, alguns, como é difícil e áspero, como se algum ajuste selvagem e tendência, alguns gosto romântico, alguns como ele não tradicionais, alguns gostam principalmente no quarto, e alguns gostam tanto dentro e fora do quarto. Através das experiências dos outros, Elise mostra como o estilo de vida Dominação Feminina pode criar um laço de intimidade, desarmar os argumentos, aliviar o stress, o sexo de transporte para um nível mais elevado do que apenas o físico, o empoderamento das mulheres na sociedade, e injetar entusiasmo nas tarefas mundanas da vida, tais como as tarefas domésticas. Elise retrata como Dominação Feminina pode satisfazer a criança interior masculina, construir estima de uma mulher auto-adicionar tempero para o quarto, reacender o romance, e provocar uma troca de poder dentro da relação feminino / masculino. Elise Sutton analisa a forma como a sociedade está evoluindo em direção Feminino regra, uma relação de cada vez. "Dominação Feminina", discute algumas práticas intensas e controversas sexual. "Dominação Feminina", sem dúvida, despertar, excitar, choque e desafio. No entanto, é a esperança de Elise que acima de tudo, ele vai esclarecer e educar.


29 de julho de 2011

Minha Eterna Rainha, Minha Princesinha Encantada, Minha Lalaya


"Sou feito de sentimentos, emoções, de luz, de amor. Sou a voz que você ouve quando pede um conselho, sou quem te toma nos braços quando necessita, talvez, agora, enquanto lê essas palavras, eu esteja aí, ao seu lado, olhando dentro dos seus olhos como quem quisesse enxergar o que teu coração demonstra,mais tarde… à noite, quando você se deita… sou quem te ver sonhar sentado ao seu lado esperando você dormir… dizendo que tudo vai ficar bem.

Se ao menos você pudesse me perceber, se notasse o que sinto ao seu lado… basta você querer, basta por alguns instantes esquecer seus problemas, fechar os olhos, como se nada mais existisse, me deixe chegar perto de ti… te abraçando… sinta meu coração batendo ao compasso do teu… sinta que não está sozinha, nunca esteve! Apenas esqueceste de olhar mais com os olhos do teu coração… então abra os olhos… veja os meus… me conheça.

Quem sou eu pra pedir para que me note? Apenas um anjo que se deixa levar por suas emoções, que desconhece o que é errado… se entrega, se rende… vagando por estrelas, nuvens, pelo céu escuro da noite… olhando pelos outros, despertando amores, anseios, paz nas almas que fraquejam, sentado ali de cima olhando você… te observando… deixando, às vezes, uma lágrima cair e se fazer uma gota de sereno que te toca os lábios… lágrima essa por não poder nada mais que apenas te ver… sentir sem poder tocar.

Manifestando através de pequenas coisas, como um sorriso sincero nos lábios de alguém que você não conhece, o toque de uma criança a te fazer carinho, palavras escritas nas páginas de um livro que te chamam atenção, palavras que mexem e emocionam o coração ditas do nada, como um sussurro em seu ouvido… e se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto, não tenha medo, é apenas minha saudade que te beija em silêncio.

Nós humanos temos um hábito muito peculiar de julgar seus semelhantes por sua aparência, de rotular pessoas as quais nunca viram… apenas pelo modo como ela se apresenta… porém, consigo ver dentro de cada um o que realmente são… e me assusto algumas vezes em como podem os humanos deixar-se levarem por embalagens, por invólucros… deixam de terem muitas vezes ao seu lado verdadeiros tesouros, amizade sincera, lealdade, companheirismo e até um amor… simplesmente por não terem gostado de um indivíduo. Imagine uma roseira cheia de espinhos, ninguém acreditaria que dela pudesse brotar uma rosa tão bela, sensível e delicada.

É do interior que nascem as flores. Pude conhecer seu interior… me deparei com uma flor linda… e com muitas qualidades. Se preserve assim… muitas vezes é melhor sermos o que realmente somos… a viver como as pessoas acham que deveríamos ser… Não existe ninguém melhor, ou pior que ninguém… apenas diferentes umas das outras e essas diferenças são que mostram quem realmente você é. Fico assim… dizendo as coisas que me aparecem dentro do peito, contando o que se passa em mim, como se estivesse desabafando… pois o criador nos fez para cuidar dos outros… e quem cuidará de nós?

Continuarei aqui… meio que escondido, ao teu lado, te olhando, te sentindo… esperando para que um dia você deixe seu coração "olhar" e me ver… daí, enfim, poderia eu mostrar o quanto você é especial pra mim. Um poema deixado no ar, palavras implorando para viver como uma estrela que o dia não vê e que espera a noite chegar para poder mostrar-se, a canção de amor que sai da sua boca… são as coisas que sempre sussurro ao seu coração, tento traduzir emoções que nunca senti antes, algo realmente novo pra mim, paz, atração, paixão, amor, algo especial… sincero… verdadeiro."

Cidade dos Anjos - SETH

15 de junho de 2011

A imagem, um gentil e elegante presente de Minha Doce e Querida Amiga A_mah Azevedo


      PASSAGEM DAS HORAS

    Trago dentro do meu coração,Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
    Todos os lugares onde estive,
    Todos os portos a que cheguei,Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
    Ou de tombadilhos, sonhando,
    E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

    A entrada de Singapura, manhã subindo, cor verde,O coral das Maldivas em passagem cálida,
    Macau à uma hora da noite... Acordo de repente...
    Yat-lô--ô-ôôô-ô-ô-ô-ô-ô-ô...Ghi-...
    E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade...
    A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol...
    Dar-es-Salaam (a saída é difícil)...
    Majunga, Nossi-Bé, verduras de Madagascar...
    Tempestades em torno ao Guardafui...E o Cabo da Boa Esperança nítido ao sol da madrugada...
    E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo...

    Viajei por mais terras do que aquelas em que toque

    i...
    Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
    Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
    Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
    E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

    A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavor

    o-me,
    Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
    Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
    Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
    Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
    Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
    Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
    Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
    Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa

    Esperança e as Canárias.

    Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
    Não sei se sinto de mais ou de menos, não seiSe me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligê

    ncia,
    Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
    Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
    Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

    Seja o que for, era melhor não ter nascido,
    Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
    A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
    A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
    Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de tod

    as as sacadas,
    E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
    Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
    E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
    Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

    Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
    É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as

    lágrimas...
    Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
    Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
    Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?

    Correram o bobo a chicote do palácio, sem razão,
    Fizeram o mendigo levantar-se do degrau onde caíra.Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos.
    Oh mágoa imensa do mundo, o que falta é agir...
    Tão decadente, tão decadente, tão decadente...
    Só estou bem quando ouço música, e nem então.
    Jardins do século dezoito antes de 89,
    Onde estais vós, que eu quero chorar de qualquer maneira?

    Como um bálsamo que não consola senão pela idéia de que é um bálsamo,
    A tarde de hoje e de todos os dias pouco a pouco, m

    onótona, cai.

    Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
    Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
    Estou no caminho de todos e esbarram comigo.
    Minha quinta na província,
    Haver menos que um comboio, uma diligência e a decisão de partir entre mim e ti.
    Assim fico, fico... Eu sou o que sempre quer partir,
    E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
    Até à morte fica, mesmo que parta, fica, fica, fica...
    Torna-me humano, ó noite, torna-me fraterno e solícito.
    Só humanitariamente é que se pode viver.
    Só amando os homens, as ações, a banalidade dos trabalhos,
    Só assim - ai de mim! -, só assim se pode viver.
    Só assim, o noite, e eu nunca poderei ser assim!
    Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
    Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
    Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
    E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
    Amei e odiei como toda gente,
    Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
    E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
    Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
    Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
    Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.
    Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
    Irmã mais velha, virgem e triste, das idéias sem nexo,
    Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
    A direção constantemente abandonada do nosso destino,
    A nossa incerteza pagã sem alegria,
    A nossa fraqueza cristã sem fé,O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
    A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
    A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...

    Não sei sentir, não sei ser humano, conviver
    De dentro da alma triste com os homens meus irmãos na terra.
    Não sei ser útil mesmo sentindo, ser prático, ser quotidiano, nítido,
    Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens,
    Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma hort

    a,
    Unia razão para descansar, uma necessidade de me distrair,
    Uma cousa vinda diretamente da natureza para mim.
    Por isso sê para mim materna, ó noite tranqüila...
    Tu, que tiras o mundo ao mundo, tu que és a paz,
    Tu que não existes, que és só a ausência da luz,
    Tu que não és uma coisa, rim lugar, uma essência, uma vida,
    Penélope da teia, amanhã desfeita, da tua escu

    ridão,
    Circe irreal dos febris, dos angustiados sem causa,Vem para mim, ó noite, estende para mim as mãos,
    E sê frescor e alívio, o noite, sobre a minha fronte...
    'Tu, cuja vinda é tão suave que parece um afastamento,
    Cujo fluxo e refluxo de treva, quando a lua bafeja,Tem ondas de carinho morto, frio de mares de sonho,
    Brisas de paisagens supostas para a nossa angústia excessiva...
    Tu, palidamente, tu, flébil, tu, liquidamente,
    Aroma de morte entre flores, hálito de febre sobre margens,
    Tu, rainha, tu, castelã, tu, dona pálida, vem...

    Sentir tudo de todas as maneiras,
    Viver tudo de todos os lados,Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
    Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
    Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

    Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
    Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
    Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
    Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
    Seja uma multidão ou um modo de compreender De

    us.
    E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
    São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
    E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
    Porque ser inferior é diferente de ser superior,
    E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
    Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidad

    es de caráter,E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
    E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
    E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
    Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
    Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
    Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido

    ,
    (No mesmo abraço comovido)
    O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,
    O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria,
    E o matricida, o fratricida, o incestuoso, o violador de crianças,
    O ladrão de estradas, o salteador dos mares,
    O gatuno de carteiras, a sombra que espera nas vielas —
    Todos são a minha amante predileta pelo menos um momento na vida.
    Beijo na boca todas as prostitutas,
    Beijo sobre os olhos todos os souteneurs,
    A minha passividade jaz aos pés de todos os assassinosE a minha capa à espanhola esconde a retirada a todos os ladrões.
    Tudo é a razão de ser da minha vida.

    Cometi todos os crimes,
    Vivi dentro de todos os crimes
    (Eu próprio fui, não um nem o outro no vicio,
    Mas o próprio vício-pessoa praticado entre eles,E dessas são as horas mais arco-de-triunfo da minha vida).

    Multipliquei-me, para me sentir,
    Para me sentir, precisei sentir tudo,Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
    Despi-me, entreguei-rne,
    E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

    Os braços de todos os atletas apertaram-me subitamente feminino,
    E eu só de pensar nisso desmaiei entre músculos sup

    ostos.

    Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,
    Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,
    Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares
    Batem-me em cheio em todo o corpo com sede nos centros sexuais.
    Fui todos os ascetas, todos os postos-de-parte, todos os como que esquecidos,
    E todos os pederastas - absolutamente todos (não falt

    ou nenhum).
    Rendez-vous a vermelho e negro no fundo-inferno da minha alma!

    (Freddie, eu chamava-te Baby, porque tu eras louro, branco e eu amava-te,
    Quantas imperatrizes por reinar e princesas destronadas tu foste para mim!)
    Mary, com quem eu lia Burns em dias tristes como sentir-se viver,
    Mary, mal tu sabes quantos casais honestos, quantas famílias felizes,
    Viveram em ti os meus olhos e o meu braço cingido e a minha consciência incerta,
    A sua vida pacata, as suas casas suburbanas com

    jardim,
    Os seus half-holidays inesperados...
    Mary, eu sou infeliz...Freddie, eu sou infeliz...
    Oh, vós todos, todos vós, casuais, demorados,
    Quantas vezes tereis pensado em pensar em mim, se

    m que o fósseis,
    Ah, quão pouco eu fui no que sois, quão pouco, quão pouco —
    Sim, e o que tenho eu sido, o meu subjetivo universo,
    Ó meu sol, meu luar, minhas estrelas, meu momento,
    Ó parte externa de mim perdida em labirintos de

    Deus!

    Passa tudo, todas as coisas num desfile por mim dentro,
    E todas as cidades do mundo, rumorejam-se dentro de mim ...
    Meu coração tribunal, meu coração mercado,
    Meu coração sala da Bolsa, meu coração balcão de Banco,
    Meu coração rendez-vous de toda a humanidade,Meu coração banco de jardim público, hospedaria,
    Estalagem, calabouço número qualquer cousa
    (Aqui estuvo el Manolo en vísperas de ir al patíbulo)
    Meu coração clube, sala, platéia, capacho, guichet, portaló,
    Ponte, cancela, excursão, marcha, viagem, leilão, feira, arraial,
    Meu coração postigo,
    Meu coração encomenda,Meu coração carta, bagagem, satisfação, entrega,
    Meu coração a margem, o lirrite, a súmula, o índice,
    Eh-lá, eh-lá, eh-lá, bazar o meu coração.

    Todos os amantes beijaram-se na minh'alma,
    Todos os vadios dormiram um momento em cima de mim,
    Todos os desprezados encostaram-se um momento ao meu ombro,
    Atravessaram a rua, ao meu braço, todos os velho

    s e os doentes,
    E houve um segredo que me disseram todos os assassinos.

    (Aquela cujo sorriso sugere a paz que eu não tenho,
    Em cujo baixar-de-olhos há uma paisagem da Holanda,
    Com as cabeças femininas coiffées de lin
    E todo o esforço quotidiano de um povo pacífico e l

    impo...
    Aquela que é o anel deixado em cima da cômoda,
    E a fita entalada com o fechar da gaveta,
    Fita cor-de-rosa, não gosto da cor mas da fita entalada,
    Assim como não gosto da vida, mas gosto de senti-la ...

    Dormir como um cão corrido no caminho, ao sol,
    Definitivamente para todo o resto do Universo,
    E que os carros me passem por cima.)
    Fui para a cama com todos os sentimentos,
    Fui souteneur de todas ás emoções,Pagaram-me bebidas todos os acasos das sensações,
    Troquei olhares com todos os motivos de agir,
    Estive mão em mão com todos os impulsos para partir,
    Febre imensa das horas!
    Angústia da forja das emoções!
    Raiva, espuma, a imensidão que não cabe no meu lenço,
    A cadela a uivar de noite,O tanque da quinta a passear à roda da minha insônia,
    O bosque como foi à tarde, quando lá passeamos, a rosa,
    A madeixa indiferente, o musgo, os pinheiros,
    Toda a raiva de não conter isto tudo, de não deter isto tudo,
    Ó fome abstrata das coisas, cio impotente dos momentos,
    Orgia intelectual de sentir a vida!
    Obter tudo por suficiência divina —
    As vésperas, os consentimentos, os avisos,
    As cousas belas da vida —
    O talento, a virtude, a impunidade,A tendência para acompanhar os outros a casa,
    A situação de passageiro,
    A conveniência em embarcar já para ter lugar,E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, urna frase,
    E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa.

    Poder rir, rir, rir despejadamente,
    Rir como um copo entornado,
    Absolutamente doido só por sentir,
    Absolutamente roto por me roçar contra as cois

    as,
    Ferido na boca por morder coisas,
    Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
    E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.

    Sentir tudo de todas as maneiras,
    Ter todas as opiniões,Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
    Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
    E amar as coisas como Deus.

    Eu, que sou mais irmão de uma árvore que de um operário,
    Eu, que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia
    Que a dor real das crianças em quem batem(Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em quem batem —E por que é que as minhas sensações se revezam tão depressa?)
    Eu, enfim, que sou um diálogo continuo,
    Um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre,
    Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque
    E faz pena saber que há vida que viver amanhã.
    Eu, enfim, literalmente eu,E eu metaforicamente também,
    Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso
    As leis irrepreensíveis da Vida,
    Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
    O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
    Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
    E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...
    Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
    Sem personalidade com valor declarado,Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
    Que era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso,
    E que acho que não faz mal não ligar importâricia à pátria
    Porqtie não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz
    Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora,

    Como uma frase escrita por um doente no livro da rapariga que encontrou no terraço,
    Ou uma partida de xadrez no convés dum transatlântico,
    Eu, a ama que empurra os perambulators em todos os

    jardins públicos,Eu, o policia que a olha, parado para trás na álea,
    Eu, a criança no carro, que acena à sua inconsciência lúcida com um coral com guizos.
    Eu, a paisagem por detrás disto tudo, a paz citadina
    Coada através das árvores do jardim público,
    Eu, o que os espera a todos em casa,Eu, o que eles encontram na rua,
    Eu, o que eles não sabem de si próprios,
    Eu, aquela coisa em que estás pensando e te marca esse sorriso,
    Eu, o contraditório, o fictício, o aranzel, a espuma,O cartaz posto agora, as ancas da francesa, o olhar do padre,
    O largo onde se encontram as suas ruas e os chauffeurs dormem contra os carros,
    A cicatriz do sargento mal encarado,
    O sebo na gola do explicador doente que volta para casa,
    A chávena que era por onde o pequenito que morreu bebia sempre,
    E tem uma falha na asa (e tudo isto cabe num coração de mãe e enche-o)...
    Eu, o ditado de francês da pequenita que mexe nas ligas,
    Eu, os pés que se tocam por baixo do bridge sob o lustre,
    Eu, a carta escondida, o calor do lenço, a sacada com a janela entreaberta,
    O portão de serviço onde a criada fala com os desejos d

    o primo,
    O sacana do José que prometeu vir e não veio
    E a gente tinha uma partida para lhe fazer...
    Eu, tudo isto, e além disto o resto do mundo...
    Tanta coisa, as portas que se abrem, e a razão por que elas se abrem,
    E as coisas que já fizeram as mãos que abrem as portas...
    Eu, a infelicidade-nata de todas as expressões,A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos,
    Sem que haja uma lápida no cemitério para o irmão de tudo isto,
    E o que parece não querer dizer nada sempre quer dizer qualquer cousa...

    Sim, eu, o engenheiro naval que sou supersticioso como uma camponesa madrinha,
    E uso monóculo para não parecer igual à idéia real que faço de mim,
    Que levo às vezes três horas a vestir-me e nem por isso acho isso natural,
    Mas acho-o metafísico e se me batem à porta zango-me,
    Não tanto por me interromperem a gravata com

    o por ficar sabendo que há a vida...
    Sim, enfim, eu o destinatário das cartas lacradas,O baú das iniciais gastas,
    A entonação das vozes que nunca ouviremos mais -
    Deus guarda isso tudo no Mistério, e às vezes sentimo-lo
    E a vida pesa de repente e faz muito frio mais perto que o corpo.
    A Brígida prima da minha tia,
    O general em que elas falavam - general quando elas eram pequenas,
    E a vida era guerra civil a todas as esquinas...
    Vive le mélodrame oú Margot a pleuré!
    Caem as folhas secas no chão irregularmente,Mas o fato é que sempre é outono no outono,
    E o inverno vem depois fatalmente,
    há só um caminho para a vida, que é a vida...

    Esse velho insignificante, mas que ainda conheceu os românticos,
    Esse opúsculo político do tempo das revoluções cons

    titucionais,
    E a dor que tudo isso deixa, sem que se saiba a razão
    Nem haja para chorar tudo mais razão que senti-lo.

    Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
    E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
    Não me subordino senão por atavisnio,
    E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.
    Das serrasses de todos os cafés de todas as cidades
    Acessíveis à imaginação
    Reparo para a vida que passa, sigo-a sem me mexer,
    Pertenço-lhe sem tirar um gesto da algibeira,
    Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi.
    No automóvel amarelo a mulher definitiva de alguém passa,
    Vou ao lado dela sem ela saber.
    No trottoir imediato eles encontram-se por um acaso combinado,
    Mas antes de o encontro deles lá estar já eu estava com eles lá.
    Não há maneira de se esquivarem a encontrar-me,
    Não há modo de eu não estar em toda a parte.
    O meu privilégio é tudo
    (Brevetée, Sans Garantie de Dieu, a minh'Alma).
    Assisto a tudo e definitivamente.
    Não há jóia para mulher que não seja comprada por mim e para mim,
    Não há intenção de estar esperando que não seja minha de qualquer maneira,
    Não há resultado de conversa que não seja meu por acaso,
    Não há toque de sino em Lisboa há trinta anos, noite de S. Carlos há cinqüenta
    Que não seja para mim por uma galantaria deposta.

    Fui educado pela Imaginação,Viajei pela mão dela sempre,
    Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
    E todos os dias têm essa janela por diante,
    E todas as horas parecem minhas dessa maneira.

    Cavalgada explosiva, explodida, como uma bomba que rebenta,
    Cavalgada rebentando para todos os lados ao mes

    mo tempo,
    Cavalgada por cima do espaço, salto por cima do tempo,
    Galga, cavalo eléctron-íon, sistema solar resumido
    Por dentro da ação dos êmbolos, por fora do giro dos volantes.
    Dentro dos êmbolos, tornado velocidade abstrata e louca,
    Ajo a ferro e velocidade, vaivém, loucura, raiva contida,
    Atado ao rasto de todos os volantes giro assombros

    as horas,
    E todo o universo range, estraleja e estropia-se em mim.

    Ho-ho-ho-ho-ho!...
    Cada vez mais depressa, cada vez mais com o espírito adiante do corpo
    Adiante da própria idéia veloz do corpo projetado,
    Com o espírito atrás adiante do corpo, sombra, chispa,
    He-la-ho-ho ... Helahoho ...
    Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo...
    A seiva da seiva das árvores é a mesma energia que mexe
    As rodas da locomotiva, as rodas do elétrico, os volantes dos Diesel,
    E um carro puxado a mulas ou a gasolina é puxado pela mesma coisa.

    Raiva panteísta de sentir em mim formidandamente,
    Com todos os meus sentidos em ebulição, com todos os meus poros em fumo,
    Que tudo é uma só velocidade, uma só energia, uma só divina linha
    De si para si, parada a ciciar violências de velocidad

    e louca...
    Ho ----

    Ave, salve, viva a unidade veloz de tudo!
    Ave, salve, viva a igualdade de tudo em seta!
    Ave, salve, viva a grande máquina universo!
    Ave, que sois o mesmo, árvores, máquinas, leis!
    Ave, que sois o mesmo, vermes, êmbolos, idéias ab

    stratas,
    A mesma seiva vos enche, a mesma seiva vos torna,
    A mesma coisa sois, e o resto é por fora e falso,
    O resto, o estático resto que fica nos olhos que param,
    Mas não nos meus nervos motor de explosão a óleos pesados ou leves,
    Não nos meus nervos todas as máquinas, todos os sistemas de engrenagem,
    Nos meus nervos locomotiva, carro elétrico, automó

    vel, debulhadora a vapor

    Nos meus nervos máquina marítima, Diesel, semi-Diesel,
    Campbell, Nos meus nervos instalação absoluta a vapor, a gás, a óleo e a eletricidade,
    Máquina universal movida por correias de todos os momentos!

    Todas as madrugadas são a madrugada e a vid

    a.
    Todas as auroras raiam no mesmo lugar:
    Infinito...
    Todas as alegrias de ave vêm da mesma garganta,
    Todos os estremecimentos de folhas são da

    mesma árvore,E todos os que se levantam cedo para ir trabalhar
    Vão da mesma casa para a mesma fábrica por o mesmo caminho...

    Rola, bola grande, formigueiro de consciências, terra,
    Rola, auroreada, entardecida, a prumo sob sóis,

    noturna,
    Rola no espaço abstrato, na noite mal iluminada realmente
    Rola ...

    Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terr

    a,
    E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim,
    Centrífuga ânsia, raiva de ir por os ares até aos astros
    Bate pancadas de encontro ao interior do meu

    crânio,
    Põe-me alfinetes vendados por toda a consciência do meu corpo,
    Faz-me levantar-me mil vezes e dirigir-me para Abstrato,
    Para inencontrável, Ali sem restrições nenhumas,
    A Meta invisível — todos os pontos onde eu nã

    o estou — e ao mesmo tempo ...

    Ah, não estar parado nem a andar,
    Não estar deitado nem de pé,
    Nem acordado nem a dormir,
    Nem aqui nem noutro ponto qualquer,
    Resol,,,er a equação desta inquietação prolixa,Saber onde estar para poder estar em toda a parte,
    Saber onde deitar-me para estar passeando por todas as ruas ...
    Ho-ho-ho-ho-ho-ho-ho

    Cavalgada alada de mim por cima de todas as coisas,
    Cavalgada estalada de mim por baixo de todas as coisas,
    Cavalgada alada e estalada de mim por causa de todas as coisas ...

    Hup-la por cima das árvores, hup-la por baixo dos tanques,
    Hup-la contra as paredes, hup-la raspando nos t

    roncos,
    Hup-la no ar, hup-la no vento, hup-la, hup-la nas praias,
    Numa velocidade crescente, insistente, violenta,
    Hup-la hup-la hup-la hup-la ...

    Cavalgada panteísta de mim por dentro de todas as coisas,
    Cavalgada energética por dentro de todas as en

    ergias,
    Cavalgada de mim por dentro do carvão que se queima, da lâmpada que arde,
    Clarim claro da manhã ao fundoDo semicírculo frio do horizonte,
    Tênue clarim longínquo como bandeiras incertasDesfraldadas para além de onde as cores são visíveis ...

    Clarim trêmulo, poeira parada, onde a noite cessa,
    Poeira de ouro parada no fundo da visibilidade ...
    Carro que chia limpidamente, vapor que apita,
    Guindaste que começa a girar no meu ouvido,
    Tosse seca, nova do que sai de casa,
    Leve arrepio matutino na alegria de viver,
    Gargalhada súbita velada pela bruma exterior não sei como,
    Costureira fadada para pior que a manhã que sente,
    Operário tísico desfeito para feliz nesta horaInevitavelmente vital,
    Em que o relevo das coisas é suave, certo e simpático,
    Em que os muros são frescos ao contacto da mão, e as casas
    Abrem aqu; e ali os olhos cortinados a branco...

    Toda a madrugada é uma colina que oscila,
    ...................................................................
    ... e caminha tudo
    Para a hora cheia de luz em que as lojas baixam as pálpebras
    E rumor tráfego carroça comboio eu sinto sol estruge

    Vertigem do meio-dia emoldurada a vertigens —
    Sol dos vértices e nos... da minha visão estriada,
    Do rodopio parado da minha retentiva seca,
    Do abrumado clarão fixo da minha consciência de viver.
    Rumor tráfego carroça comboio carros eu sinto sol rua,
    Aros caixotes trolley loja rua i,itrines saia olhos
    Rapidamente calhas carroças caixotes rua atravessar rua
    Passeio lojistas "perdão" rua
    Rua a passear por mim a passear pela rua por mimTudo espelhos as lojas de cá dentro das lojas de lá
    A velocidade dos carros ao contrário nos espelhos oblíquos das montras,
    O chão no ar o sol por baixo dos pés rua regas flores no cesto rua
    O meu passado rua estremece camion rua não me recordo rua

    Eu de cabeça pra baixo no centro da minha consciência de mim
    Rua sem poder encontrar uma sensação só de cada vez rua
    Rua pra trás e pra diante debaixo dos meus pésRua em X em Y em Z por dentro dos meus braços
    Rua pelo meu monóculo em círculos de cinematógrafo pequeno,
    Caleidoscópio em curvas iriadas nítidas rua.
    Bebedeira da rua e de sentir ver ouvir tudo ao mesmo tempo.
    Bater das fontes de estar vindo para cá ao mesmo tempo que vou para lá.
    Comboio parte-te de encontro ao resguardo da li

    nha de desvio!
    Vapor navega direito ao cais e racha-te contra ele!
    Automóvel guiado pela loucura de todo o universo precipita-te
    Por todos os precipícios abaixo
    E choca-te, trz!, esfrangalha-te no fundo do meu coração!
    À moi, todos os objetos projéteis!
    À moi, todos os objetos direções!
    À moi, todos os objetos invisíveis de velozes!
    Batam-me, trespassem-me, ultrapassem-me!
    Sou eu que me bato, que me trespasso, que me ultrapas

    so!
    A raiva de todos os ímpetos fecha em círculo-mim!

    Hela-hoho comboio, automóvel, aeroplano minhas ânsias,
    Velocidade entra por todas as idéias dentro,
    Choca de encontro a todos os sonhos e parte-os,
    Chamusca todos os ideais humanitários e úteis,
    Atropela todos os sentimentos normais, decentes, concordantes,
    Colhe no giro do teu volante vertiginoso e pesad

    o
    Os corpos de todas as filosofias, os tropos de todos os poemas,
    Esfrangalha-os e fica só tu, volante abstrato nos ares,
    Senhor supremo da hora européia, metálico a cio.
    Vamos, que a cavalgada não tenha fim nem em Deus!
    ...............................................................
    ..............................................................................................................................
    ...............................................................

    Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói,
    Declina dentro de mim o sol no alto do céu.
    Começa a tender a entardecer no azul e nos meus nervos.
    Vamos ó cavalgada, quem mais me consegues tornar?
    Eu que, veloz, voraz, comilão da energia abstrata,
    Queria comer, beber, esfolar e arranhar o mundo,
    Eu, que só me contentaria com calcar o universo a

    os pés,
    Calcar, calcar, calcar até não sentir.
    Eu, sinto que ficou fora do que imaginei tudo o que quis,
    Que embora eu quisesse tudo, tudo me faltou.

    Cavalgada desmantelada por cima de todos os cimos,
    Cavalgada desarticulada por baixo de todos os p

    oços,
    Cavalgada vôo, cavalgada seta, cavalgada pensamento-relâmpago,
    Cavalgada eu, cavalgada eu, cavalgada o universo — eu.
    Helahoho-o-o-o-o-o-o-o ...

    Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...


Álvaro de Campos, 22-5-1916






    Fernando Pessoa

Nossa singela homenagem: "À PERFEIÇÃO" de Fernando Pessoa e seus heterônimos: Ricardo Reis, Alvaro de Campos, Alberto Caiero, nasceram em 13 de junho de 1888, em Lisboa, Portugal, onde faleceram em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos, vivo estariam hoje com 123 anos.



"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

Musica em minha vida para tocar a tua!

"A vida:... uma aventura obscena de tão lúcida..." Hilda Hist

"És um dos deuses mais lindos...Tempo tempo tempo tempo..." Caetano Veloso

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo
RAINHA VICTORIA CATHARINA

"De seguir o viajante pousou no telhado, exausta, a lua." Yeda P. Bernis

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos" Fernando Veríssimo

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."