EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

31 de julho de 2009

Sade e Masoch... o grande encontro !!!

O Marquês de Sade faz uma reverência quase até o chão. Está recebendo Leopold von Sacher-Masoch para chá em sua residência.

- Meu caro von Masoch! Que honra recebê-lo em meu humilde chateau!

-Meu caríssimo Marquês. Enfim, nos encontramos!

- Deixe-me tirar esse pesado casaco de farpas que carregais sobre a pele.

- Pode deixar, eu gosto assim.

- Entrai, entrai.

von Masoch entra no salão principal e Põe-se a examinar a decoração.

- Que bela coleção de miniaturas! Oh, uma guilhotina de dedo. Funciona?

- Experimente.

Zupt!

- Charmat! – diz von Masoch, mostrando o toco do dedo decepado.


♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

- Querido von Masoch, por que nunca nos encontramos antes?

- Talvez porque não somos contemporâneos. Você é de quando?

- 1740 a 1814. Você?

- 1835 a 1895.

- Seria mesmo difícil. Mais razão para desfrutarmos este encontro fictício. Sente-se.Sente-se.

- Uma cadeira de pregos! Senhor Marquês!

- Mandei prepará-la especialmente para sua visita...

- A manisfestação mais alta do espírito humano é a hospitalidade.

- A fidalguia obriga.

- Retribuirei sofrendo, para o vosso deleite.

- Não esperava outra coisa de uma sensibilidade tão nobre.


♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

- A cadeira está suficientemente desconfortável, herr von Masoch?

- Sim. Perfeita. Obrigado.

- Como querei vosso chá?

- Fervendo.

O Marquês prepara-se para servir o chá, mas von Masoch recusa a xícara.

- Pode ser na mão mesmo.

O Marquês despeja chá fervendo na mão do visitante, que geme.

- Aaaahnnn... Obrigado. Está delicioso, De alguma forma, eu sabia que você seria o anfitrião perfeito.

- Posso oferecer, a seguir, canapés, éclairs ou chicotadas.

- Chicotadas, por favor.


♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

Sade e Masoch, finalmente juntos. De certa maneira, somos a dupla definitiva. Uma síntese humana, nos extremos da paixão. O prazer de dominar, o prazer de ser dominado. O êxtase de ser soberano, o êxtase de ser submisso. Pode-se dizer que a História da humanidade não passa de um minueto metafórico que dançamos juntos, através dos tempos.

- Essas chicotadas...são para agora?

- Somos o egoísmo humano na sua forma pura, além do bem e do mal. Somos a racionalização dos instintos, e a bestificação da razão. Chegamos à extrema lucidez do homem, que é reconhecer nas suas próprias taras o que tem de mais humano.

- Por favor . As chicotadas ...Eu as aceito.

- E o mais terrível. Somos os únicos seres sobre a terra que não podem viver sozinhos. Se Deus tivesse criado Masoch, teria que tirar sua costela para fazer de Sade. Sem anestesia, claro. O que quer dizer que também somos, à nossa maneira, símbolos da cooperação entre os homens.

- Senhor Marquês, não quero ser impertinente, mas...As chicotadas.


♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

- O sádico e o masoquista são os únicos seres genuinamente sociais da Criação, pois precisam um do outro. Eles não se bastam. Não se satisfazem sozinhos. Sem o outro não são nada.

- Quero as chicotadas agora!

- Não.

- O quê?

- Não vou chicoteá-lo.

- Mas...Sr.Marquês! É seu dever de anfitrião.

- Não.

- Eu quero ser chicoteado. Eu preciso ser chicoteado. Eu exijo ser chicoteado.

- No meu chateau, só chicoteio quem eu quero.

- Mas...Isto é sadismo! Da pior espécie!- Obrigado, obrigado.

E o Marquês faz outra mesura, quase até o chão.

30 de julho de 2009

Delícia !!!

"Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.O que não faz você mover um músculo,o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."

Martha Medeiros

29 de julho de 2009

Lindinhooo !!!



Perguntei porque ele não me deixava em paz.

Ele disse:
- Até tentei,mas esquecer uma mulher inteligente,
custa um número incalculável de mulheres estúpidas e não quero te perder.

D.

...


O vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão.

Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria - um explosivo coquetel emocional, talvez feito de amor estrondoso e louca excitação.

Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado.

Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (sem falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas agora se recusa a descolar o bagulho bom - apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça).

Triste você constata o estágio seguinte é você esquelética e tremendo num canto, sabendo apenas que venderia sua alma ou roubaria seus vizinhos só para ter aquela coisa mais uma vez que fosse.

do livro Comer Rezar Amar de Elizabeth Gilbert

24 de julho de 2009

Amor !

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é... Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

Charles Chaplin

19 de julho de 2009

Há os que vivem sem pressa alguma, sem dúvidas, sem angústias, sem assombros e pautados no óbvio.
Para estes, ócio ou deleite, raivas, inconstâncias, temores e paixões são nuances de desequilíbrio. Esqueçam essa louca! A louca que sobrevoar a praça nua em pelo numa vassoura de cipó e assoviar: Ai deu saudade...
A tereré quer lamber a vida que é dela, como só ela sente a profundidade de suas dores.
“A dor é minha e de mais ninguém”.
Egoísta essa maluca, não? Ultra!
Eta, menina doida! Faz todo mundo rir! Por isso é bom ter a doida por perto: É riso certo!
“Mais doido é quem me diz... E não é feliz... Não é feliz...”
O sabor da vida não é único. Ela não me aparece num buffet de sorvetes. Hoje eu quero alegria, amanhã saudade, terça que vem coerência, no comecinho do mês duas bolas de audácia.
O sabor da vida está no improviso, no riso sem sentido, na lágrima que desaba sem vergonha como que falando: Ei, eu vivo! Eu sinto! Eu caminho em passos tortos, nem sempre sobre saltos, nem sempre sobre calçadas, verdade... Eu caminho e muitas vezes não há piso!
Só me resta inventar asas... E voar.
E, assim, ontem bordei um vestido com cores do absurdo. Com pedras e conchas do mar. Travei batalhas com o que não mais me habita e insiste em visitar-me inoportunamente. Acariciei a face da esperança que renasceu no eclipse lunar. Ao deitar-me chamei ao meu coração toda a força que me move. E pensei nos radares, nos monitores, nos dedos em riste e em todas as posturas convenientes...
Pensei na expressão: Loja de Conveniências.
Hoje quase tudo se vende e é comprado. À vista, parcelado no cartão, com cheque... Quase tudo.
Uma adolescente de sandálias de prata e cheiro de brisa me avisou: Não é errado falar bassoura, barrer, prumode, prefume...
E pensei que os gênios às vezes se transformam em fadas e sussurram verdades profundas.
A gente tem é que se permitir.
Originalidade, meu preto, isso aí é que ninguém compra...
Enquanto desfilo meu vestido nas alamedas que ninguém mais vê, vou aprendendo com esses meninos que crescem...
Ninguém no mundo está terminado... Nada é do jeito certo.
Ainda faltam no meu vestido uns bordados com um capim que vem do Tocantins.
E porque muitas vezes me assombro é preciso que alguns me evitem para que eu não extraia a dedo seus furúnculos.
Poesia é anestesia.

Alyne Costa

Esses são dias desleais... (Renato Russo)

"Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça.
Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio(a) de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo(a) e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado(a) lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso."

"É difícil aprisionar os que tem asas."

Caio Fernando Abreu

18 de julho de 2009

... esta tudo bem...

"Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...)
Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais."
"Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva pra Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo bem."

Caio Fernando Abreu

10 de julho de 2009

Luxúriaaaa!!!

Você homem da atualidade, vem se surpreendendo diuturnamente com o "nível" intelectual, cultural e, principalmente, "liberal" de sua mulher, namorada e etc... Às vezes sequer sabe como agir, e lá no fundinho tem aquele medo de ser traído - ou nos termos usuais - "corneado".
Saiba de uma coisa... esse risco é iminente, a probabilidade disso acontecer é muito grande, e só cabe a você, e a ninguém mais evitar que isso aconteça - ou então - assumir seu chifre" em alto e bom som.
Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos.
Mas o que seria uma "mulher moderna": a principio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com/para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa,companheira, confidente, amante...
É aquela que às vezes tem uma crise súbita de ciúmes mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e correr pros seus braços... É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga,desarrumada e linda... Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...
Assim, após umprocesso "investigatório" junto a essas "mulheres modernas" pude constatar o pior. VOCÊ SERÁ (OU É???) "corno", ao menos que:
- Nunca deixe uma "mulher moderna" insegura.
Antigamente elas choravam.
Hoje, elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.
- Não ache que ela tem poderes "adivinhatórios". Ela tem de saber da sua boca - o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar às conseqüências expostas acima.
-Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol...) mais do que duas vezes por semana, três vezes então é assinar atestado de "chifrudo".
As "mulheres modernas" dificilmente andam implicando com isso, entretanto elas são categoricamente "cheias de amor pra dar" e precisam da "presença masculina". Se não for a sua, meu amigo... e...
Quando disse que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar pra aquele ex bom de cama é grandessíssimo.
- Satisfaça-a sexualmente. Mas não finja satisfazê-la. As "mulheres modernas" têm um pique absurdo com relação ao sexo e, principalmente dos 20 aos 38 anos, elas pensam e querem - fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas é a pura verdade)...bom, nem precisa dizer que se não for com você...
- Lhe dê atenção. Mas principalmente faça com que ela perceba isso.
Garanhões mal (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher às nuvens. Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é???? Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos.
Como pude constatar,mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres.
- Em hipótese alguma deixe-a desconfiar do fato de você estar saindo com outra. Essa mera suposição da parte delas dá ensejo ao um "chifre" tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS "comedor" do que você...só que o prato principal, dessa vez é a SUA mulher.
- Sabe aquele bonitão que, você sabe, sairia com a sua mulher a qualquer hora? Bem, de repente a recíproca também pode ser verdadeira. Basta ela, só por um segundo, achar que você merece...Quando você reparar... já foi.
- Tente estar menos "cansado". A "mulher moderna" também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente - "dar uma", para depois, virar do lado e simplesmente dormir.
- Volte a fazer coisas do começo da relação. Se quando começaram a sair viviam se cruzando em "baladas", "se pegando" em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de sentir falta disso então é imensa. A "mulher moderna" não pode sentir falta dessas coisas, senão...
Bem, amigos, aplica-se, finalmente, o tão famoso jargão "quem não dá assistência, abre concorrência". Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe(falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas "mancadas"... Proteja-a, ame-a, e, principalmente, faça-a saber disso. Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele "bonitão" que vive enchendo-a de olhares... E vai continuar, sem dúvida, olhando só pra você!!!

Arnaldo Jabor

8 de julho de 2009

... psiuuu !!!



Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

Prazer...

Lamentável o mundo não ser um grande clitóris bem massageado......
Tanto prazer concentrado.
Por que modestamente então meu corpo não poderia sê-lo inteiro?
Por que me renegaram o prazer a uma tão mínima parte?
Ah....se todos os pontos dos meus dedos, se todas as ínfimas partes fossem tão generosas e sensíveis ao bem ....massageado ......mexer , mexer e o desejo extrapolando em gritos involuntários....sem pudores burocráticos que se vestem de tristeza porque o mundo feito de dor acostuma-se com a ausência dessa concentração de vasos sanguíneos dilatados que extrapolam todo o prazer...... não quero o cansaço das horas medidas nos cartões de pontos.... quero o suor do orgasmo descomprometido que exala do quase não caber em meus gestos desajeitados que impedem de recusar a aflição de tal satisfação...... porque dizem que a natureza é perfeita????.....quanto engano..... me lamento agora ao fato de terem destinado a uma parcela tão mínima de meu corpo o ápice do constrangimento máximo do orgasmo.... quero agora transformar o mundo numa grande vagina despudorada e ter a sensação de que todos caminhos serão feitos de risinhos compartilhados.......
Adeus a imensa massa de infelizes que se satisfazem com uma vidinha de merda.

Carlos Drummond de Andrade

5 de julho de 2009

... sem palavras


"Quando o tesão é focado, pessoal e intransferí­vel, você pode se masturbar, pode transar em outro endereço, mas ele continua ali, queimando, ardendo."

by PD

Sui generis

Boca Carnuda


Entrando num açougue recém inaugurado e próximo da minha casa, deparei-me com uma cena rodriguiana, mas ao vivo e a cores.
O sujeito que personificava o atendente era um moreno tipo amante latino, cabelo preto liso. Ele é imenso, forte e bonito e com uma maneira de atender aos clientes "sui generis" e muito carismática. Homens e mulheres ouvem o que todo cliente gosta: “estou a seu dispor, escolha o que quiser, estou às suas ordens”.
Mas nem todo cliente tem as ancas daquela morena de aparelho nos dentes que logo depois de mim entrou no açougue. Em meio a carnes, sangue e opulência, ela é recepcionada pelo latino extrovertido e galante com um sincero "estou a seu dispor, morena. Escolha o que for de seu agrado". Ela assim o fez, como se pudesse desobedecer a uma ordem tão direta e macia. A morena opulenta e faceira, sentindo-se a própria, se achando, fez suas escolhas, embora a ordem de chegada ainda não a beneficiasse, mas todos os clientes não ousavam retrucar diante de tal imagem, como se de alguma maneira todos pudessem adivinhar a cena que estava por vir.
Ela escolheu seu músculo e prontamente foi atendida, escolheu seu filé, no que se seguiu outro pedido e outro e outro... O moço galante fazia-lhe todos os desejos e por fim ela se saciou, pagou e se dirigiu à porta de saída.
Todos os clientes, ainda em alerta, emudeceram e aguardavam. O cheiro de carne é forte e suas cores mais ainda e prontas a serem degustadas, elas, languidamente, estendiam-se em fileiras à espera.
O atendente, com um olhar que dizia mais que toda sua verborréia sedutora, perguntou mais uma vez à morena que ameaçava ir pra nunca mais: "tem certeza que não quer mais nada? Posso imaginar que você quer algo mais? E eu posso te dar. É só pedir". E, num movimento que parecia impossível, ela, mais próxima de atravessar a rua que a faca da carne, volveu toda a sua pessoa e todo o volume dos seus quadris para dirigir-se de volta ao balcão, onde debruçou-se e respondeu:
- Quero sua boca!!
Como num pregão, diante do ultimato e da força do martelo, ele sentencia, após esmurrar o balcão:
- Pois bem, esteja me esperando. Fecho às 8 e meia.
Não pense que em minha cabeça gritos de ovação não explodiram. Sim os gritos estavam, lá. Mas ninguém pareceu ouvi-los e a fila pôde continuar.

Paula Cunha

2 de julho de 2009

Estrelas


"Quando está suficientemente escuro, você consegue ver as estrelas."

Imagine poder colher estrelas do céu azul escuro em noite de lua distante – Cada estrela do céu como uma plantação de rosas na primavera. Os braços estendidos segurando as estrelas colhidas com as mãos certamente no final da noite estariam cansados como o lavrador que cuida da terra. Os olhos veriam a paisagem pintada de luz e o coração enxergaria o silêncio que brota da noite escura.

Ninguém estaria tão sozinho na companhia das estrelas.
Ninguém cantaria o vazio mergulhado na luz.

Se fosse possível, colheria estrelas e guardaria numa caixa embrulhada de presente com fitas de cetim azul. As estrelas estariam ao alcance das mãos também durante o dia, mas brilhariam com igual intensidade? Não sei, nunca guardei estrelas em caixas. Estou apenas imaginando, lembra?

As estrelas não falam, mas são testemunhas de lágrimas de saudade, de saudade de amor, de medo de perder ou de imensa felicidade.

As estrelas não cantam, mas bordam brilho incandescente de harmonia constante.
As estrelas não chovem, mas se pudessem chover, choveriam brilho em gotas prateadas.

Dizem que é possível escrever nas estrelas - de poemas a músicas e o nome de pessoas que se amam. Está tudo escrito lá. Elas são como as folhas de um livro escrito nas noites. Dizem que as estrelas ajudam aos perdidos a encontrarem um rumo. Mostram um caminho.

Como podem parecer tão perto quando olhamos e ao mesmo tempo são intocáveis? Nossos braços é que são pequenos?

Já desenhei estrelas no chão. Já pintei em tinta óleo. Já bordei em linha dourada. Olho para o céu todas as noites em busca das estrelas que amenizam a solidão. E sei que todas as estrelas que brilham no céu encantam, mas...

Nenhuma delas é mais bonita do que o brilho de duas estrelas perfeitas que moram no rosto daqueles que amamos...

Poetas ...

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

Dormir


Exausta


Eu quero uma licença de dormir,

perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.



"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

Musica em minha vida para tocar a tua!

"A vida:... uma aventura obscena de tão lúcida..." Hilda Hist

"És um dos deuses mais lindos...Tempo tempo tempo tempo..." Caetano Veloso

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo
RAINHA VICTORIA CATHARINA

"De seguir o viajante pousou no telhado, exausta, a lua." Yeda P. Bernis

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos" Fernando Veríssimo

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."