EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

27 de outubro de 2006

Eça de Queiroz


“Estamos perdidos há muito tempo.O país perdeu a inteligência e a consciência moral.Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.Os caracteres, corrompidos.A prática da vida tem por única direção a conveniência.Não há princípio que não seja desmentido.Não há instituição que não seja escarnecida.Ninguém se respeita.Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.Alguns agiotas, felizes, exploram.A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.O povo está na miséria.Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”
EÇA DE QUEIROZ
escreveu este texto em 1871

VIVA A DEMOCRACIA !!!

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou
dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!
Elisa Lucinda

25 de outubro de 2006

Sempre Meu

Tenho medo, pavor, receio
Que vejas nos meus olhos
O desejo selvagem de te ter só para mim
Odeio quem respira o mesmo ar que tu
Queria ter o poder de posse
Não deixar que te olhem
Que te toquem
Para que tudo fique imaculado, puro e limpo
Para que a tua pele cheire apenas a ti e a mim
Que o ar não polua o teu olhar
Para que o teu sorriso espelhe apenas o amor que sentes por mim
Queria-te todo
Sem auras
Sem outras mãos
Sem histórias
Só meu
Apenas meu
Desde sempre
Sempre.
ALICIANTE

Mar

Gosto do mar desesperado
a bramir e a lutar
E gosto de um barco ainda mais ousado
Sobre esta rebeldia a navegar.
Miguel Torga

24 de outubro de 2006

Cavaleiro Solitário, Capitão da meia noite.

O Cavaleiro E Os Moinhos

Acreditar na existência dourada do sol
Mesmo que em plena boca
Nos bata o açoite contínuo da noite
Arrebentar a corrente que envolve o amanhã
Despertar as espadas
Varrer as esfinges das encruzilhadas
Todo esse tempo foi igual a dormir no navio
Sem fazer movimento
Mas descendo o fio da água e do vento
Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro,

Malandramente, pelos caminhos
Meu companheiro tá armado até os dentes
Já não há mais moinhos como os de antigamente.

João Bosco/Aldir Blanc

Quero...



Quero
Quero ver o sol atrás do muro
Quero um refúgio que seja seguro
Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça
Quero um mundo feito sem porta, vidraça
Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade
Uma estrela pura de ar respirável
Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você
Ganhar o espaco em bolhas de sabão
Escorregar pelas cachoeiras
Pintar o mundo de arco-íris
Quero rodas nas asas do girassol
Fazer cristais com gotas de orvalho
Cobrir de flores campos de aco
Beijar de leve a face da lua.
Thomas Roch

23 de outubro de 2006

Maravilhosamente belo


I . COISAS QUE FAZEM O CORAÇÃO
BATER MAIS FORTE:
Um planador conduzido segundo a feição do vento
O dorso desnudo de um bebê adormecido
O olhar de um cão, em direção à mãe que amamenta o bebê
O olhar de uma criança, em direção àquilo que ela não compreende
Tâmaras secas sobre um prato de cristal
Aquele amigo distante que retorna
Deitar-se só, num quarto deliciosamente perfumado de incenso
O clarão da lua atrás da nuvem.

JANEIRO


II . COISAS QUE TRAZEM UMA DOCE LEMBRANÇA DO PASSADO:
Um resto de perfume no lenço em que não enxugamos aquelas lágrimas
Rosas secas, nas páginas amarelas do livro
Objetos que serviam para a festa das bonecas
O bilhete que um dia escrevemos para nossos pais
Um dia de chuva, em que nos entediamos
A pena de um falcão que voou rumo a Lisboa
Uma árvore que distribui as folhas pelos ramos de modo que nenhuma escape do sol.
FEVEREIRO

III . COISAS RARAS
Um amigo que suporta nossa alegria com a mesma firmeza com que suporta nossa dor
Não sujar de tinta o livro em que se copiam romances, trechos de poesia, pensamentos
Manter a dignidade em uma discussão, mesmo quando os argumentos parecem nos abandonar
O encontro do amor, dez anos depois, depois de desvios, desvãos, desencontros.

MARÇO

IV . COISAS QUE PARECEM DESPERTAR A MELANCOLIA:
Uma foto amarelecida da mãe, ao fundo da gaveta
Um resto de leite na xícara velha, em que bebemos as primeiras palavras
O gotejar da chuva no telhado
A voz do pai, envelhecida e rouca
Uma canção antiga, subitamente rememorada
A névoa sobre os tetos da cidade.

ABRIL

V . COISAS DE QUE NÃO NOS ARREPENDEMOS:
A não-resposta exata à agressão gratuita
Aquele objeto inútil, que compramos por puro deleite
O amor merecido, na hora certa.

MAIO

VI . COISAS QUE PERDEM QUANDO SÃO PINTADAS:
A polpa fresca da fruta
As asas de um anjo
As flores da cerejeira
A luz do sol atrás dos ramos O branco da folha de papel
Qualquer cena fulgor

JUNHO

VII . COISAS QUE ENCHEM DE ANGUSTIA:
Observar a marcha dos cavalos
Amigos doentes, ou subitamente transtornados
Uma criança que chora, impedida de falar
Quando uma pessoa que detestamos se aproxima de nós
Um belo livro, que não acaba nunca.

JULHO

VIII . COISAS EM QUE NÃO SE PODE CONFIAR:
No homem que esquece facilmente seus amores
No poeta ávido por sucesso
Nas pessoas que falam muito alto, tentando nos convencer
Na amiga que quer ser exatamente como a outra.
AGOSTO

IX . COISAS QUE SÃO DISTANTES, AINDA QUE PRÓXIMAS:
Namorados que não dizem nada sobre a aparência das namoradas
Relações entre irmãos que não se amam
O intervalo entre o último dia do ano e o primeiro dia do ano seguinte
Filhos a quem os pais negaram o seu amor.

SETEMBRO

X . COISAS QUE SÃO PRÓXIMAS, AINDA QUE DISTANTES:
O paraíso
A rota de um barco
A amiga que vive em Paris
Os olhares trocados entre um homem e uma mulher

OUTUBRO

XI . COISAS QUE CAEM DO CÉU:
Balões
Papagaios
Manhãs ensolaradas
Chuvas finas
Tempestades
Neve
O título de uma história
A graça divina.

NOVEMBRO


XII . COISAS DIFÍCEIS DE DIZER:
Que não queremos mais comer
Que o amor acabou
“Por favor, não me abandone”
Adeus.

DEZEMBRO


Luiz Edmundo Alves

Fui eu


Fui eu

Eu, pois quem fui
E serei amanhã ainda mais, do que hoje sou
Dona dos teus desejos, do teu corpo, do teu sonho
Dona do que dou, exijo... ou não dou
Tirando suor e lágrimas de seu rosto risonho

Tua entrega torna-se lava quente em minhas mãos
Fui eu, te levei pra longe, te incluí em meu mundo
No jogo cálido das nossas concentrações
Ouço o gemido de um suspiro profundo
Troca doce, esta nossa... de experiências e sensações

E assim como as gotas escorrem do teu dorso moreno
Sorri meus lábios, enquanto aguardas, sereno
Teus tórridos lábios a implorar meu gosto
Tuas mãos estendidas, prontas pra servirem meus almejos
E novamente fui eu, quem lhe atendeu todos os desejos

O agradecimento por mais uma noite de realização
A pele em chamas, explode incandescente
Riscadas por minhas unhas, sem nenhuma direção
Agreste como o deserto, tornastes-me diferente
E fui eu sim, quem o tornou são

Efusão de servidão, servidão com paixão
Vivo por admirar tua devoção
Acalento teu corpo nu em meu colo
No prazer da dor, na dor do prazer...
Fui eu, a última imagem que vistes ao adormecer.

Maya

21 de outubro de 2006

Eu, MULHER, RAINHA, DONA


Eu, natureza - mulher,
Abrigo homens em entranhas,
Sou espaço e nutriente
De raiz, fruto, semente,
Caneta que escreve gente
Nesta saga de querer...
Sou túnel de prazer e dor
Sou da lógica, a estranha
Sou de guerra, sou de terra,
Sou macia, vivo em cio...
Sou Rainha e Senhora
Sou o vazio, tempo afora
Do futuro, sou desejo
Sou um pouco flor e beijo...
O meu ventre gera luz
Num orgasmo intimado
A ser relógio e compasso,
Entre o céu e a cruz...
Condenada a contrapor
As muitas faces do amor
Desfaleço no espaço
E tempo de um abraço
De sangrar derramo leite
Morrendo de Prazer e deleite
Nos braços do meu AMOR!
Elane Tomich

Sou a "Dona" do seu coração


Ah, se tu estivesses aqui neste momento...
Deixaria teus braços enlaçarem meu corpo,
tua boca vir de encontro à minha,
meus olhos te guiariam.
Serias meu da maneira que eu quisesse,
da maneira que eu desejasse.
Porque só eu sou capaz de fazer-te sonhar,
minha imagem te enfeitiça.
Serás capaz de ceder a todas as minhas vontades sem questioná-las,
porque perto de mim não és dono de ti,
és simplesmente meu.
Música: THE CAPTAIN OF YOUR HEART - Double You

...de um HOMEM


"Eu quero um colo, um berço, um braço quente em torno ao meu pescoço, uma voz que cante baixo e pareça querer me fazer chorar. Eu quero um calor no inverno, um extravio morno de minha consciência e depois sem som, um sonho calmo, um espaço enorme, como a lua rodando entre as estrelas..."

Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

20 de outubro de 2006

Marquês de Sade


"EMPRESTAI-ME A PARTE DO VOSSO CORPO QUE POSSA SATISFAZER-ME UM INSTANTE, E GOZAI, SE ISTO VOS AGRADA, DA PARTE DO MEU QUE PODE SER-VOS AGRADÁVEL"

MARQUÊS DE SADE

Eu quero

REALMENTE QUERO:
Sabes que queria fazer agora?
Morder-te
Rasgar-te a pele com unhas
Deixar um sinal indelével em ti
Marcar território.
E quando eu te deixasse
Para que quando outra te despisse...
Te amasse
Te Perguntasse:
Que é isto?
Tu te calasses
E eu,cicatriz em ti respondesse,
Foi meu
Estive cá antes.
Encandescente

Escravo Fiel

O abismo da Luxuria
Você me inspira.
Transpirando sensualidade.
Por entre os poros de teu corpo quente.
Adoro calar tuas ânsias com a força de meus beijos.
E encontrar junto a ti o orgasmo mais denso.
Sem defesas ou armas que me garantam segurança.
Quero estar indefeso preso por entre as tuas amarras.
Cativo de suas artimanhas.
Sem me importar com tuas intenções.
Não quero me prevenir de nenhum perigo, pois em ti confio.
Quero a loucura a me sobressair por entre os poros.
Buscando o ápice do prazer.
Quero buscar entre tuas pernas o contato com teu sexo.
Sentindo o úmido gosto doce de teu gozo.
Quero o tudo e o desconhecido.
A andorinha ao alçar o primeiro vôo.
Não se pergunta se suas asas são fortes o bastante.
Para lhe suportar o peso.
E lhe impedir a queda fatal.
Quero semelhante à andorinha.
Atirar-me no abismo da luxuria.
Contando com a força dos teus caprichos.
A amortecer a queda.
Não temo a morte, pois esta é certa.
Temo a vida sem teus encantos.
O sexo sem tuas torturas.
O tempo sem tua presença.
Amo teu corpo vivo por tua alma.
És meu maior fetiche.
Minha bela.
Minha dona.
Sou teu escravo de todas as horas.
Teu servidor fiel.

... cheiro... perfume... gente

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração. Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Texto de Ana Cláudia Saldanha

19 de outubro de 2006

Mistério por ser fragil


“A ESFINGE “

Revesti-me de mistério
Por ser frágil,
Pois bem sei que decifrar-me
É destruir-me.
No fundo não me importa

O enigma que proponho.
POR SER MULHER E PÁSSARO E LEOA,

Tendo forjado em aço
As minhas garras,
É que se espantam
E se apavoram.
Não me exalto.

Sei que virá o dia das respostas
E profetizo-me clara e desarmada.
E por saber que a morte

É a última chave,
Adivinho-me nas vítimas que estraçalho.

MYRIAM FRAGA

17 de outubro de 2006

Ode a inexperiência


No golpe mais brusco.
Meu gemido mais sentido.
Na busca do prazer me tomas como queres.
A você dedico minha vida.
Você nada me deve
Es minha dona sou teu escravo rebelde.
A te dar trabalho e exigir teu suplicio.
A cada tapa que desfere mais o meu corpo exige tua presença.
A cada vez que me torturas mais delicioso o tempo se torna.
Falo o que não devo até que tua voz impere.
Calo-me ante o atrevimento de desobedecer tua vontade.
Na rua sou teu igual.
No quarto teu pasto tua propriedade
A reclamar teu gozo e perversidade.
Sou tudo e nada.
Pois com você tenho tudo que preciso para alcançar a felicidade.
Sem você não sou nada a morrer na agonia da falta de teus cuidados.
Sou assim ainda virgem de teus conhecimentos a buscar a servidão.
No cabo do chicote quero encontrar tua mão esguia a me mostrar tua força.
Sou teu.
Mas não és minha.
Pertence a vida a alegrar teus cativos.
Enlouquecendo nossa razão no infinito de sua luxuria.

16 de outubro de 2006

Escrito em um belo cartão:



À RAINHA VICTORIA CATHARINA:

"DOMINAÇÃO"

Possuidora de mim, de meu corpo, de minha mente...
Dominadora de meus sonhos e ansiedades...
Vestida de anjo em corpo de mulher,
procuras-me com toques e carícias que levam-me ao devaneio,
à loucura.
Fogosidade e sensualidade transpiram em teu corpo desejado,
buscando sempre a chama da paixão e do amor acender.
Poderosa e cativante, rebaixas-me ao último grau da escravidão sexual,
tornando-me um mero objeto de tuas fantasias e desejos.
Chegas como a um verdadeiro turbilhão de emoções
que eleva-me ao mais alto patamar do prazer e da sexualidade,
Usas meu corpo como se somente a ti pertencesse,
como se fora minha ama e senhora,
como que vontade própria,
eu não mais possuísse...
Quando me subjugas e a ti me entrego,
retiras de minha boca palavras indecifráveis,
sussurros que somente tu entendes,
espasmos que somente tu sabes controlar.
Apagas de minha memória toda uma vida
e passo a ter-te como única,
inigualável e insubstituível.
Adolescente me faz,
inexperiente me torno,
procurando-te como se a primeira vez fosse,
buscando aprender o que cuidadosamente me ensinas,
suplicando-te sempre muitas carícias e beijos ardentes.
Vibrações eróticas tomam conta de todo meu ser
a cada vez que de ti aproximo-me,
já não mais consigo controlar minhas ereções,
meus pensamentos voam
como se momentos ardentes estivesse contigo vivendo....
Momentos estes de puro prazer,
de um gozo prolongado e interminável...
Dominado sou,
quero a ti pertencer,
a ti entregar-me,
saciar e ser saciado,
amar e ser amado.....

Autor: José Cardoso

Remetente: Cavaleiro Solitário

Prende-me


Ata-me
Prende-me nas tuas pernas.
Não deixes que nada desate o nó,
Que cruzando-se formarem,
As tuas pernas e as minhas.
Mesmo que eu diga não,
Mesmo que eu te maldiga,
Mesmo que eu te maltrate,
Como se contra vontade
Me tivesses dominado.
Não deixes que se desate
O nó em que me prendeste…
Mesmo que agarrando os teus cabelos
Eu os prenda nos meus dedos
E os puxe e te puxe,
E te morda beijos e boca,
E renegue o teu abraço
Maldizendo os teus braços.
Não deixes que se desate
O nó em que me prendeste…
Revoltar-me-ei no teu corpo
Procurando o meu solto,
Cravarei unhas e mãos
Nos teus braços,
Nas tuas costas,
Mexer-me-ei nas tuas pernas
No esforço de libertar…
Não,
Os braços com que me atas.
Não,
As pernas com que me prendes.
Mas o aperto que sinto no peito,
Mas a urgência que me prende a voz,
E este fogo que me arde no ventre
E se solta
Desatando nós.

15 de outubro de 2006

Eu... e meus "EUS".


Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Fernando Pessoa

Beijo de lingua


Beijo
Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no de abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mas beijo é mais.
É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
E dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombra
se nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.
Jorge de Sena

Sutiã

ALQUIMIA SENSUAL
Tirante meus olhos e mãos
quero me transformar em seu corpo
com toda nudez experiente
do passado e do presente
E naquela noite
entre suspiros
terei aguardado
a hora incrível de tirar o sutiã.
Cacaso

13 de outubro de 2006

Deliciosamente excitande

Carta a minha dona,
Despudoradamente
Entrego-me a ti
Sou teu prêmio prometido
Como santo ou bandido
Tímido e atrevido
Sou teu troféu conquistado.
Sou sua propriedade
A aparente verdade
O sonho materializado
Seu príncipe encantado
O gato para o seu colo.
Tome posse de mim
Minha dona, minha deusa,
Minha mestra dos desejos
Use-me pro seus instintos
Saboreando minha carne.
Faça-me seu holocausto
Ofereça-me ao seu prazer
Sou teu escravo eterno
Pertenço a tua emoção
Sou brinde pros seus pecados.
Use-me despudoradamente
Prenda-me na sua satisfação
Sou teu mocinho ou vilão
O teu anjo sem asa
Sempre pronto pra te amar.
Daniel Fiuza

Vagalume, uma definição perfeita


"...Mas falando em BDSM, considero-me masoquista e podólatra e me identifico com o Universo da Dominação Feminina, sou fascinado pelo Matriarcado, pelas Amazonas, pela forca do Feminino e pelas Deusas. Sou atraído pela aquela mulher que combina o seu lado meigo, alegre, maternal com um outro felino, guerreiro, inflamado e cruel! "...Na sua fria aliança, a sentimentalidade e a crueldade feminina fazem o homem refletir, e constituem o ideal masoquista..." Vagalume

11 de outubro de 2006

Ultimatum



Ultimatum

Há uma distância ínfima
Entre o teu sexo e o meu.
Há uma palavra não dita
Entre o teu sexo e o meu.
Há o contacto adiado
O desejo simulado
As carícias indistintas
E a voz que a nada soa
E do corpo não ecoa
O querer e a vontade.
Há um ténue véu tecido
Entre o teu sexo e o meu.
Há um segredo escondido
Entre o teu sexo e o meu.
Há o grito reprimido
O prazer não consumado
O intuito definido
Num secreto esconderijo
Entre as coxas que se calam.…
Há um encontro marcado
Entre o teu sexo e o meu.

Encandescente

Com fantasias...


Vem, meu menino vadio,
Vem, sem mentir para você.
Vem, mas vem sem fantasia,
Que da noite pro dia
Você não vai crescer,
Vem, por favor, não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos,
Vou te envolver nos cabelos,
Vem perde-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco,
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu.
Ah, eu quero te dizer que o instante
De te ver custou tanto penar
Não vou me arrepender,
Só vim te convencer
Que eu vim para não morrer
De tanto te esperar,
Eu quero te contar das chuvas
Que apanhei.
Das noites que varei no escuro a te buscar,
Eu quero te mostrar,
As marcas que ganhei nas lutas
Contra o rei,
Nas discussões com Deus,
E agora que cheguei eu quero
A recompensa
Eu quero a prenda imensa dos carinhos teus.

Francisco Buarque de Holanda

9 de outubro de 2006

Greta Garbo


"Eu nunca disse: eu quero estar sozinha, eu disse somente, eu quero ser deixada só. Há muita diferença nisso."
Greta Garbo(1905 - 1990)

Audrey Hepburn


Escrito por Audrey Hepburn, quando pediram que revelasse seus segredos de beleza.

"A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.A beleza de uma mulher não está na expressão facial, mas a verdadeira beleza de uma mulher está refletida em sua alma. Está no carinho que ela amorosamente dá, na paixão que ela demonstra"

8 de outubro de 2006

Vem cá !!!

Mudança dos Ventos
Ah, vem cá, meu menino
Pinta e borda comigo
Me revista, me excita
Me deixa mais bonita
Ah, vem cá, meu menino
Do jeito que imagino
Me tira essa canseira
Me tira essas olheiras
De esperar tanto tempo
A mudança dos ventos
Pra me sentir com forças
Prá me sentir mais moça
Ah, vem cá, meu menino
Pinta e borda comigo
Me revista, me excita
Me deixa mais bonita
Ah, vem cá, meu menino
Do jeito que imagino
Me tira essa vergonha
Me mostre, me exponha
Me tire uns 20 anos
Deixa eu causar inveja
Deixa eu causar remorsos
Nos meus, nos seus, nos nossos
Ah, vem cá, meu menino
Ivan lins

Implora-me ser meu



























Ajoelha-te e pedes,
Implora pela escravidão,
E eu busco em ti o calor,
O teu cheiro,
As lágrimas dos poros,
que se derramavam pela dor,
Teu carinho,
Tua submissão,
Teu gosto,
Teus lábios,
Tua carne,
Tua dor,
Teu amor...
Transformo-te em anjo,
Mas tuas asas presas pelas corrente,
não a deixam voar,
enquanto vivo para ser sua algoz,
Pois enquanto tenho as chaves,
provoco-lhe a dor...
E de mim não podes voar...
Deixo minhas marcas,
que se encravam em tua carne,
E teu corpo a mim pertence,
E é pela dor que encoleiro tua alma.
Tekrem Ayunek

7 de outubro de 2006

Minha boca


Minha boca...
minha boca
é pouca
pro desejo
que anda à solta
Martha Medeiros

6 de outubro de 2006

Seda pura

...ME AMAVA SOZINHA
VOCÊ NÃO ME VINHA...
Seda Pura

Suave esta noite
De scotch
Vem vindo na luz
Teu recorte
Cansada...
Vivendo em paz
O salto alto
Jogado
Sem par, o batom
No cigarro
Você vestida de seda
Pura, invisível
Passeia
Longe de mim
Te percebo
Dona de si
Em segredo.
Cazuza


5 de outubro de 2006

UMA RAINHA... triste


O ÚNICO CAMINHO
"No tempo em que o Espírito habitava a terra
E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte
Eu ainda não tinha aparecido.
Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças
E os homens morriam na guerra cobertos de sangue.
Naquele tempo as mulheres davam de dia o trabalho da palha e da lã
E davam de noite, ao homem cansado, a volúpia amorosa do corpo.
Eu ainda não tinha aparecido.
No tempo que vinham mudando os seres e as coisas
Chegavam também os primeiros gritos da vinda do homem novo
Que vinha trazer à carne um novo sentido de prazer
E vinha expulsar o Espírito dos seres e das coisas.
Eu já tinha aparecido.
No caos, no horror, no parado, eu vi o caminho que ninguém via
O caminho que só o homem de Deus pressente na treva.
Eu quis fugir da perdição dos outros caminhos
Mas eu caí.
Eu não tinha como o homem de outrora a força da luta
Eu não matei quando devia matar
Eu cedi ao prazer e à luxúria da carne do mundo.
Eu vi que o caminho se ia afastando da minha vista
Se ia sumindo, ficando indeciso, desaparecendo.
Quis andar para a frente.
Mas o corpo cansado tombou ao beijo da última mulher que ficara.
Mas não.
Eu sei que a Verdade ainda habita minha alma
E a alma que é da Verdade é como a raiz que é da terra.
O caminho fugiu dos olhos do meu corpo
Mas não desapareceu dos olhos do meu espírito
Meu espírito sabe...
Ele sabe que longe da carne e do amor do mundo
Fica a longa vereda dos destinados do profeta.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Na verdade o que subsiste é o forte que luta
O fraco que foge é a lama que corre do monte para o vale.
A águia dos precipícios não é do beiral das casas
Ela voa na tempestade e repousa na bonança.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Tenho esperanças no meu espírito extraordinário
E tenho esperança na minha alma extraordinária.
O filho dos homens antigos
Cujo cadáver não era possuído da terra
Há de um dia ver o caminho de luz que existe na treva
E então, Senhor
Ele há de caminhar de braços abertos, de olhos abertos
Para o profeta que a sua alma ama
mas que seu espírito ainda não possuiu."
Vinicius de Moraes

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

Musica em minha vida para tocar a tua!

"A vida:... uma aventura obscena de tão lúcida..." Hilda Hist

"És um dos deuses mais lindos...Tempo tempo tempo tempo..." Caetano Veloso

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo
RAINHA VICTORIA CATHARINA

"De seguir o viajante pousou no telhado, exausta, a lua." Yeda P. Bernis

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos" Fernando Veríssimo

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."