EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

29 de julho de 2008

A noite !!!

Quando chega a noite acredito mais.

Nas coisas que não precisam de promessas, a cadência das ondas, o cheiro perfumado das laranjas, a relva molhada debaixo dos pés. Coisas misteriosas, encantos com que me encanto, uma voz azul, um sorriso no caleidoscópio, ilhas do outro lado do mar.

Quando chega a noite acredito que amei mais profundamente os amigos, os amores que choram e riem e têm todas as cores, palavras e silêncio. Que abraçam com força, que beijam as lágrimas que escondo e o riso que rimos.

Quando chega a noite acredito ainda mais nas princesas de asas de ouro, sei-o, tantas vezes descansei no seu regaço e me encantei nos seus olhos. E também em cavaleiros, bravos entre os cavaleiros, nos tritões, nos atlantes. Nos heróis errantes de Samarcanda, nas caravanas da seda.

Quando chega a noite acredito em mãos que repousem em mim, onde eu repouse. Na poderosa alquimia da pele, que exorcista dragões, velas de uma barca que cruza os mares.

Quando chega a noite guardo essas canções no peito. Quentes e rugosas como as mãos antigas dos avós. Com cheiro a madeira, sal, chocolate. Eternas, digo. Como árvores num campo de alfazema.


João

22 de julho de 2008

Gratidão - Maestro Alex


Tenho demorado muito em fazer o que é necessário, e fazer honra ao convite de fazer parte deste blog. Minha amiga, colega, estou eternamente grato, pelo carinho que constantemente dedicas ao meu blog como colaboradora, mas por sobre tudo, o carinho e amizade que devotas a este Dom meio louco, meio poeta, meio palhaço... Você é sem dúvidas uma grande mulher, que merece ter o melhor sub aos seus pés... Hoje como Cavalheiro que Sou, e deixando o Dom de lado Curvo-me diante da tua amizade. Te deixo um grande e fraterno abraço, minha irmã de fé...

Era uma vez... Terceiro capítulo

Meu elefante:

Gatos, cães, periquitos, papagaios, micos (Leontopithecus Callitrichidae), sagüis (callitrix jaccus), cágados (trachemys scripta elegans), peixes, coelhos foram-me oferecidos como meu provável animal de estimação por minha família... às vezes chegávamos a ter vários bichinhos ao mesmo tempo, sempre os tratei muito bem, com todo carinho e muito respeito, mas sem nenhuma empolgação que seria própria da idade... O grande e pesado problema para meus pais, tios, tias, primos, primas, madrinhas, padrinhos, professores e professoras e minha adorada avó seria a abissal tarefa de arrancar da minha cabeça a idéia fixa de possuir um elefante como animal de estimação. Queria um elefante e pronto... não um elefante qualquer do tipo 1.0, mas um ELEFANTE (loxodonta africana) enorme (como se um elefante pudesse ser menos que enorme para quem mora em uma grande capital do pais) daqueles com presas de marfim completamente equipado digo paramentado com um modelito indiano repleto de ouro, sedas e pedras preciosas.

Queria tê-lo para passear com ele, sair de tardezinha para comer aracajé, tomar água de coco, leva-lo para veranear em Itapuan, desfilar na Lavagem do Bonfim, sair nos Filhos de Gandhi (bloco estilo afoxé que nunca admitiu a presença feminina) juntamente com as bahianas, dar uma voltinha na Festa de Yemanja, apreciar a lua cheia na lagoa do Abaeté, comer lambreta (molusco bivalve) no Mercado Modelo e fazer tudo de mais básico que todo bahiano faz nesta vida.Lógico que acompanhada com minha família principalmente de meu pai e minha avó... sabia que minha mãe estaria a quilômetros de distância de uma farra dessas (rissss) ela é discretíssima odeia qualquer coisa que seja chamativa imagine só ela com meu ELEFANTE (rissss)... além disso, ela era a única que se comportava explicitamente contraria a minha idéia de possuir um ELEFANTE achando um absurdo tal desejo, assim como duvidando da sanidade mental de todos aqueles que me apoiavam, dando-me a esperança de um dia... um dia... quem sabe quando... presentear-me com um real e verdadeiro ELEFANTE (rissss).

Todos os demais membros da família enredavam-me com historias e estórias e simplesmente o tempo ia passando e eles imaginando que eu havia esquecido... quando menos esperavam dava início meus apelos e solicitações... todos me acudiam com as desculpas mais esfarrapas do mundo... entretanto não escutava claramente um sonoro e ríspido “NÃO”, muito pelo contrário sempre de forma carinhosa adiavam a chegada do meu “bichinho” e meu privilégio exclusivo de possuir um ELEFANTE...

Minha avó consolava-me postergando a data da entrega do “pacote” e com muita paciência contava-me onde ELE ficaria no quintal uma vez que era imenso e caso não fosse grande o suficiente poderia comprar um terreno ao lado de nossa casa com o a intenção de ampliar o ambiente para meu “bichinho” (rissss). Comentava quem cuidaria dele o que ele comeria, mas não mencionava o que faríamos com o côcô do meu “bichinho”. (rissss) Certa vez perguntei e minha avó sobre tais excrementos ela se viu completamente sem saída, quando minha madrinha acudiu afirmando com total competência e de forma veemente “Vamos vender... ora! servirá de adubo e deve valer uma verdadeira fortuna”. Lembro-me desse momento como se fosse hoje minha avó de pele alva e com as bochechas rubras uma vez que lhe fugiu uma resposta coesa e coerente recordo-me tbm de minha madrinha saltitante por resolver tamanho problema.

Como uma criança pode imaginar ser dona de um ELEFANTE ??? Pois é... analisando bem essa vontade incomum tenho certeza que essa aspiração começou quando vi pela primeira vez no carnaval bahiano o Afoxé Filhos de Gandhi (criado em 1949 por estivadores do cais de Salvador, praticantes do candomblé) que desfila pelas principais ruas de Salvador em homenagem do grandioso Mohandas Karamchand Gandhi... no desfile é apresentado em um carro alegórico um elefante branco empalhado. Comecei a participar do nosso carnaval conforme registro no meu álbum de fotografias exatamente com oito meses de nascida levada por minha família e nos braços de meu pai, todos nós éramos e somos fascinados pelos Filhos de Gandhi vê-los passar na avenida é um espetáculo fascinante em nome da paz. Todos os participantes vestem-se com uma fantasia feita com lençóis e um turbante confeccionado com toalhas brancas e colares de contas brancos e azuis simbolizando vestes
indianas transformando-se no “Grande tapete branco da paz” (são mais de 10 mil homens). Esta é a única explicação que tenho por tão esdrúxulo desejo.

O tempo foi passando e nada do meu ELEFANTE chegar, um belo dia o dono de um circo francês que andava de fato pelo mundo (pois não existiam franquias naquela época) sempre nos visitava quando chegava à Bahia ele era Maçom como meu pai e todos os meus tios. O Tio dono do circo era solenemente convidado por nossa família à jantar em nossa casa, convite esse desdobrado aos seus mais altos funcionários, todos nos adorávamos consecutivamente tornava-se uma grande e inesquecível festa... minha avó uma perfeita anfitriã dedicava-se por vários dias à cozinha, supervisionando o orgulho de todo bahiano, nossa culinária... confeccionando com toda perfeição e esmero todos os pratos típicos que nos eram conhecidos para serem regiamente proporcionados aos nossos convidados ilustres juntamente com nossas sobremesas.

Conhecedor de minha paixão por ELEFANTES o Tio sorria muito e contava-nos historias vivenciadas ao redor do mundo com um português misturado com espanhol e com um forte sotaque francês... trazia sempre presentes e nessa exata visita presenteou minha mãe com um belíssimo lenço de seda pura lindamente bordado com fios de ouro e a minha avó com uma toalha de mesa da Ilha da Madeira uma verdadeira preciosidade e a esta Moleca Lalaya uma caixa de cristal que continha um elefante com trajes tipicamente indiano com todos os adereços e acessórios pertinentes ao luxuoso animal que eu tanto sonhava. Meu ELEFANTE movia-se para frente e para trás bem como a tromba e o rabo por uma pequena manivela que rodávamos por baixo da caixa de cristal vulgarmente chamado por “corda”. Que felicidade... o quanto que fui feliz naqueles dias ostentando meu precioso ELEFANTE !!!

Após a imensa alegria minha sábia avó chamou-me, dizendo-me: "Minha filha você é uma linda mocinha irá transformar-se em uma linda mulher a solução para ter seu ELEFANTE verdadeiro é casar-se com um dono de circo e assim terá todos os ELEFANTES que você quiser"... fiz desse conselho uma premissa verdadeira... e jurei casar-me com um dono de circo, pois evitaria problemas para todos devido ao meu ENORME sonho.

Resultado, não me casei com um dono de circo, meu ELEFANTE da caixa de cristal encontra-se repousando e em perfeito estado estando guardado como uma verdadeira relíquia encontrando-se sob inteira responsabilidade de minha mãe que hoje respira aliviada (rissss). Nunca esqueci minha paixão por ELEFANTES que se encontra muito bem sustentada na intimidade do meu coração...
Hoje a minha maior vontade é ter uma alegre Baleia Jubarte (megaptera novaeangliae)... onde colocá-la??? em frente a minha casa tenho o oceano atlântico seguindo em linha reta à África (rissss)...

Sempre fui e sempre serei UMA RAINHA !!!

(continua)
















18 de julho de 2008

Meus amados livros

ESTE É O PRÓLOGO

Deixaria neste livro toda a minha alma. Este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas. Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam ! Que tristeza tão funda é olhar os retábulos de dores e de penas que um coração levanta ! Ver passar os espectros de vida que se apagam, ver o homem desnudo em Pégaso sem asas, ver a vida e a morte, a síntese do mundo, que em espaços profundos se olham e se abraçam. Um livro de poesias é o outono morto: os versos são as folhas negras em terras brancas, e a voz que os lê é o sopro do vento que lhes incute nos peitos - entranháveis distâncias. O poeta é uma árvore com frutos de tristeza e com folhas murchas de chorar o que ama. O poeta é o médium da Natureza que explica sua grandeza por meio de palavras. O poeta compreende todo o incompreensível e as coisas que se odeiam, ele, amigas as chamas. Sabe que as veredas são todas impossíveis, e por isso de noite vai por elas com calma. Nos livros de versos, entre rosas de sangue, vão passando as tristes e eternas caravanas que fizeram ao poeta quando chora nas tardes, rodeado e cingido por seus próprios fantasmas. Poesia é amargura, mel celeste que emana de um favo invisível que as almas fabricam. Poesia é o impossível feito possível. Harpa que tem em vez de cordas corações e chamas. Poesia é a vida que cruzamos com ânsia, esperando o que leva sem rumo a nossa barca. Livros doces de versos sãos os astros que passam pelo silêncio mudo para o reino do Nada, escrevendo no céu suas estrofes de prata. Oh ! que penas tão fundas e nunca remediadas, as vozes dolorosas que os poetas cantam ! Deixaria neste livro toda a minha alma...
Federico Garcia Lorca

15 de julho de 2008

Minha eterna Rainha

"Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada; depois de ter edificado minha casa num rochedo inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores; depois de ter esquecido meu nome e o nome da minha terra natal; depois de me ter condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente, da Primavera."

By Otavio Paz

Uma Rainha Triste

Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide.

Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores.

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você.

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris.

Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide.

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você.

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris.

Djavan

14 de julho de 2008

Era uma vez... Segundo capítulo

Brincadeiras de infância...


Desde a minha tenra infância era aficionada nos meus pés... para dormir era necessário que alguém estivesse fazendo carinho neles. Simplesmente não conseguia conciliar com o sono sem antes ter meus pés acarinhados. Contam-me que faziam turnos de revezamento... afinal de contas a casa estava feliz UMA RAINHA havia chegado após varias tentativas de meus pais em terem uma descendente, permaneci até hoje filha única, com todos os dengos, chamegos, cheiros e mimos que tinha direito, a prematura ganhava peso e crescia feliz em um lar harmonioso, cheio de luz, vida e muito amor.

Levaram-me um dia para a escola foi simplesmente perfeito... meninos, meninas, professoras, recreio, merenda e a chance de aprontar... (risss) Sabe-se muito bem que os semelhantes se atraem quando querem fazer e ousar coisas especiais principalmente em peripécias e pintanças aí sim mudamos nos tornamos solidários e nos transformamos em grupos ou vulgarmente conhecido por “THURMA” vamos dar título a essa convenção de meninos e meninas com o mesmo propósito, intuito e desígnio de “FORMAÇÃO DE BANDO OU QUADRILHA” no bom sentido é claro qualquer semelhança não é mera coincidência (risss). Vivíamos aprontando e literalmente reinando, incumbia-me ser o cérebro dessa organização.

Observei que a grande sacada era me ver livre daquela disciplina rígida da escola, porém muito bem burlada... estudava muito tirava a nota máxima e podia pintar o bastante, pois era a menina danada que era inteligente e tirava as melhores notas... sinceramente??? Não estava tão interessada em aprender ou ser o gênio da classe... era muito pouco para alguém que já era UMA RAINHA. Minha intenção e meu objetivo consistiam em estar rapidamente de férias e com o grande mérito de ser a melhor aluna... isso quebrava um galho!!! nossa. Os professores sempre apareciam em meu socorro... com o argumento: “Lalaya apronta horrores, mas é tão inteligente, estuda é educada e é tão bonitinha"... por favor, registrem esse adjetivo “bonitinha” que para nos bahianos significa “prima de feio”, "neta de horrosa" ou uma “feia arrumadinha”... Eu era horrorosa, pavorosa, medonha usava óculos, era zarolha, já que tinha “as ligações trocadas”, era gorda, usava botas ortopédicas, visto que minhas pernas eram tortas e aparelhos ortodônticos... imaginem!!! simmm e duas tranças que proporcionavam um trabalho infernal a minha mãe que vociferava com toda força de seus pulmões: “Lalayaaaaa as tranças estão tortas... que coisa feia vc não consegue ficar parada um segundo” a maior das verdades absolutas... eu não conseguia ficar quieta um único minuto. Meu pai do alto de sua eterna sabedoria exclamava com fervor: ”Deixem à menina... ela é assim mesmo... depois melhora”, minha avó tbm me acudia... “Deixa... deixa-me que faço as tranças de Lalaya”.

Com a chegada das esperadas e tão desejadas férias, íamos todos em comitiva para a fazenda de meu pai ou de algum tio com o conglomerado dos meus primos e primas onde nos encontrávamos e aí sim... colocávamos em ação os meus e os nossos planos espetaculares. Os coadjuvantes dos tais planos eram os tais primos e primas à protagonista por questões obvias cabia a esta RAINHA desenvolver. Brincávamos de reino... lógico eu era a RAINHA, minhas primas às princesas e meu primos muito bem-aventurados os escravos, cavaleiros com ou sem espadas, servos e súditos todos submetidos a minha vontade. Por questões de saber governar (riss) delegava poderes às meninas do grupo outorgando-lhe o direito de excutar as penas que seria infligida a qualquer dos escravos ou cavaleiros ou servos ou súditos que infringissem as regras ou por puro deleite ou prazer de todas nos ou exclusivamente meu. As meninas nunca erravam e se assim o fosse simplesmente se enganavam enquanto os meninos... estavam errados até quietos e calados.

Éramos crianças, mas já sabíamos quem madava e quem seria responsabilizado por algum erro. O que mais gostava era colocá-los todos deitados diante de meu “trono” e pisa-los como se fossem meros tapetes, logo atrás da RAINHA vinham às princesas e todas nos pisávamos nos escravos, súditos ou cavaleiros... havia tbm as bonecas de todos os tamanhos tipos e cores... seria o que se define hoje como uma ONG monárquica com base na convivência comunitária, mas matriarcal, já que nossas filhas as bonecas eram filhas de todas as meninas e os meninos os pais de todas as bonecas.

Minha Mãe costurou um manto vermelho e fez-me uma coroa de lata pintada de amarelo, as minhas tias tbm fizeram algo semelhante, mas não igual para minhas primas até cetro tínhamos.

Os meninos não tinham nada, não tinham direito a nada muito menos de reclamar pela expoliação que sofriam, eram explorados, oprimidos, humilhados na sua pseudo masculinidade. Mas eles adoravam... protegiam-nos, eram responsáveis de guardar todas as tralhas que brincávamos e tinham a função importante de dividir os alimentos sendo os últimos a merendar isso se sobrasse alguma coisa. Acumulavam tbm o encargo de subir nas árvores e pegar frutos, descasca-los e servi-nos, nossa “dispensa” era responsabilidade exclusiva deles mantida e supervisionada por eles que proviam nossa alimentação, e tbm possuíam o encargo de proporcionar em caráter de prevenção com muita cautela a nossa segurança. Aqui para nós... eles eram garbosos e preservavam um orgulho enorme por terem essas funções.

As minhas primas, as princesas amarravam os meninos que teriam que ser punidos em arvores e eram regiamente castigados ou por pequenos chicotes que nos mesmos confeccionávamos ou por galhos secos de arvores (que não proporcionavam marcas faziam cócegas isso sim) ou simplesmente os deixávamos amarrados para reflexão do que tinham feito de errado.Sei muito bem que o que vale mesmo é a intenção de mantermos ordem baseado na exposição publica de nossa autoridade unicamente feminina.

Mesmo assim pela manhã bem cedo quando o galo cantava estávamos todos prontos ávidos por brincar e mergulhar naquele mundo repleto de magia... aproveitávamos transbordando de felicidade desde o primeiro momento que chegávamos até o ultimo minuto antes de retornarmos as nossas individualizadas realidades cotidianas das escolas, cursos e demais responsabilidades inerentes a uma criança sendo preparada para a vida real.

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Hoje penso... como foi maravilhoso viver nesse mundo de fantasia.
Ninguém sabia nem tinha a menor ideia do que era BDSM ou SM ou D/S ou fetiche.
Repito reiteradamente, éramos crianças felizes brincando... e todos amavam brincar assim.
Não havia o emprego de violência nem de perversidade.
Nossas índoles não careciam de brutalidades ou crueldades.
Não brincávamos as escondidas.
Nossos pais sabiam de nossas brincadeiras.
Nada de anormal ou cruel era detectado... uma vez que todos nos tínhamos pais e mães atentos e uma avó preocupada e vigilante, assim como empregados que estavam sempre prestando muita atenção no que fazíamos.
Nossas brincadeiras não eram consideradas aberrações ou anormalidades.
Éramos uma monarquia baseada no matriarcado com uma rígida estratificação social, fundamentado na teoria geral do “dever-ser”.

(continua)

12 de julho de 2008

Era uma vez ... Primeiro capítulo

Nasce UMA RAINHA,

Nasci em 18 de junho, às dez horas em um dia de tempestade repleto de relâmpagos, raios e trovões... chuvas e ventanias. Cheguei ao mundo apressada com sete meses transbordando de questionamentos e divagações pelo fato de não me terem deixado por mais dois meses no calor do ventre materno, no aconchego e comodidade que me era necessitado e a qual tinha direito, hoje saberia de pronto que caberia Mandado de Segurança uma vez que meu direito era liquido e certo sem necessária produção de provas... porém, o que fazer??? Eu já havia nascido mesmo... segundo nos bahianos literalmente estreado... (risss).
Não entendi aquela precipitada passagem momentos antes era a paz, a serenidade, a quietude e agora aquela aflição stressante, um monte de gente passando de um lado para outro em uma correria louca, uns negocinhos esquisitos parecidos comigo, mas só que todos se encontravam com cara de joelho, com um cheiro diferente, agradável, envolvente, aprazível, mas dessemelhante do meu... todos gritavam e esperneavam muito.
Esses trocinhos estavam por toda parte á minha direita, minha esquerda, em baixo de meus pés e em cima da minha cabeça... Insurgir-me diante dos transtornos que eles estavam causando e dei um grito estrondoso deve ter sido escutado com toda certeza até no estacionamento do hospital. E??? Fez-se silencio e paz. E só assim consegui retornar a adormecer.
Aprendi desde o berçário que se deve agir sempre deste modo com os homens demonstrando quem é que manda. Os trocinhos eram todos machos por isso estranhei o cheiro proveniente deles... após anos fiquei sabendo que eu fui à única menina que havia nascido naquela maternidade durante três dias... só no quarto dia bem cedinho que vi chegar outra menina (o máximo que fizemos por ela foi outorgar-lhe o título de princesa afinal de contas era do sexo femenino), mas já era tarde... eu já reinava no berçário...
RAINHA primeira e única.

Assim começou a minha historia... a minha saga e meu DOMÍNIO.



(continua)

10 de julho de 2008

...a casa esta vazia



“Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia –
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- é lua nova –
e revestida de luz te volto a ver.”

Hilda Hilst

8 de julho de 2008

Minha eterna e doce Rainha

"Às vezes você fertiliza as terras estéreis.
Às vezes você arrasa a terra.
Você é assim: UMA TEMPESTADE."


(Sam)

7 de julho de 2008

Metade

Sou Só Meio


Sou meio inconformado e sonhador
Meio prisioneiro e meio fugitivo
Meio diabo e meio santo
Meio torturado e meio excitado
Meia dor e meio tesão
Meio-dia e meia-noite e meia
Só mais meia hora e nem mais meio segundo

A meia maçã e a meia-lua
A meia-luz e o meio-tom
A meia-calça e o meio-toque
O meio-termo em excesso

Meio covarde
Meio confuso
Meio moleque
Meio sem rumo
Meio arrependido
Meio comprometido
Meio arredio
Meio apaixonado
Meio indeciso
Meio só

Essa maldita meia-vida que não nos satisfaz
Sem cinto
Um só arrependimento...

casto

Entrega

Rompimento


Vou romper velhas amarras
Para me prender definitivamente em teus grilhões
Se sonho com minha liberdade todas noites
É para ser teu prisioneiro
Da cela que é o amor
Eu jamais desejei escapar
Junto a ti eu seria um anjo bom
Mesmo sabendo que cortaria as minhas asas
Mas eu sangraria por ti sorrindo
Beijaria o fio da navalha sujo de sangue
E iria ao inferno eu teu lugar sem hesitação
Viveria casto com o ventre trancado
Priorizando teu prazer em detrimento do meu
Enlouquecendo de tesão
Eu queria ficar do teu lado para sempre
Ou melhor - aos teus pés
Então prefiro a morte sofrida
Ao sofrimento sem fim de não ser teu
Não preciso de coragem para cometer uma loucura
Basta oportunidade

casto

Mistério


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés so mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.

Lya Luft

4 de julho de 2008

Um belissimo presente...


QUADRO DE AMOR

Que importa o vendaval, a noite, os euros,
Os trovões predizendo o cataclismo...
Se em ti pensando some-se o universo
E em ti somente eu cismo...

Tu és minha vida... o ar que aspiro...
Não há tormentas quando estás em calma.
Para mim só há raios em teus olhos,
Procelas em tua alma!

Durante um temporal

Castro Alves


Meu amor, estou aflito,
Tão falso é meu sorriso,
Porque, a cada segundo,
Que não a tenho comigo,
Sinto o tempo sem sentido.

Meu amor, és meu mundo!
E sem você eu peno muito!

E nessas horas sou um Quixote,
Sem sonhos, sem fé no futuro,
Como alma que erra no escuro,
Sem ter ao menos um archote.

E espero, mas os pássaros não vêem
Chamarem-me para voar no paraíso
Ou então para podermos ficar juntos,
Com Castro Alves e Victor Hugo
E discutir o amor – punhal de 2 gumes!

Fomentar um ideal que seja justo,
Mulheres e homens iguais e livres,
Que se amam como fossem irmãos,
E todos tendo prazer em sua lide.

Trabalhar, trabalhar e mais amar,
Nossos pares, os ares impolutos
E nossos amigos necessitados.
E a vida sendo um cristalino mar.

E isso é querer viver!
Viver nas nuvens!
Contar sempre com um amigo
E cada coisa do mundo saber!

Sermos todos espíritos de luzes!
Termos os gozos mais profundos!

Mas não!
Tempestades tenho no coração!
Em ti o tempo todo eu cismo!
E sinto-me só, um Quasimodo,
Apesar de ter anjos comigo.

E se tiver que morrer
Ou se tiver que viver,
Só quero estar ao seu lado
E sentir por ti ser amado!

Pois, sem ti, paz eu não sinto,
Embora possa continuar existindo
Na forma de oceano não pacífico,
Com pouca força dum ser atlântico!

Então, por ti trocava o ar que respiro,
Seria um verme, ou vulgar bandido,
Pois viver sem seu amor é impossível!

Não é a certa coisa – eu sei.
Mas de outra forma não sei dizer
O amor que sinto por você!

É como te amar fosse Lei,
Que tem a força de um povo Rei!
Mas, te amando sou um condenado,
A viver a amar, mas sem ser amado!

Logo, assim, nobre miserável serei,
E pelo mundo solitário andarei,
Como um poeta sem musa,
Estrelas sem lumes,
Festas sem músicas,
Flor sem perfumes,
Que de dores mais vivem,
Que de saudade mais suspira;
Vida que não se sente viva!

Ou, pássaro libertado da gaiola,
Mas, que sai ferido sem amor,
E voa triste pelo mundo afora,
Só sabendo cantar essa sua dor!
Pois tem um punhal na alma,
Que cravado foi por sua amada!

Mas, se amor por min sentir,
Me fará o homem mais feliz,
Da água para o vinho mudar,
E nos teremos uma vida Rosa.
E teremos sonhos, romances de verão,
Faremos amor na chuva, à luz do luar,
Prazeres teremos, imensos, a toda hora,
Nossas almas, casadas sempre estarão!

E não importa se virem raivosos furacões,
Nem se deuses vierem a nos condenar,
Por esse amar intenso de mil revoluções,
Que faz a gente mais do outro gostar!

E nossos beijos serão muito ávidos,
Desejosos de ternos, fortes abraços,
Soando em nossos olhos excitados,
E nossos sexos férreos perfumados!

E em todo cosmo faremos ninhos,
Deitaremos sobre o leito dos rios,
E por clima, os lençóis das brisas,
Tão frescas como palavras divinas!

Então, se os raios das tormentas,
Trovões rugirem com violência,
Em nossa mente não terão lar
Onde somente amor pode entrar!

E seremos eternas crianças, meninos,
Que se amam no mais puro sentido,
E que correm na praia, pelo infinito,
Só pensando de felicidade serem ricos.

Amor! Eu quero pintar esse quadro!
De tanto amor, de amar e ser amado!
E passar pelo mundo só sorrindo,
Como se vivêssemos num paraíso!


Salvador, madrugada de 15/11/07

JULIO










Revelações

"Havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma
licença poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e
sem ela(e) comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho(a)
e sem ninguém, estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a
verdade contraria: não trocaria por nada neste mundo as delicias do meu
desassossego. Havia perdido mais de quinze anos tratando de traduzir os
cantos de "Leopardi", e só na tarde o senti a fundo:
ai de mim, se for amor,
como atormenta."

Memórias de minhas putas tristes
Gabriel Garcia Marques

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

Musica em minha vida para tocar a tua!

"A vida:... uma aventura obscena de tão lúcida..." Hilda Hist

"És um dos deuses mais lindos...Tempo tempo tempo tempo..." Caetano Veloso

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo

"SOU METAL, RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO..." Renato Russo
RAINHA VICTORIA CATHARINA

"De seguir o viajante pousou no telhado, exausta, a lua." Yeda P. Bernis

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos" Fernando Veríssimo

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."