
Sou feita do mar e da terra
Sou feita do amar e da guerra
Sou feita do extravasar da água
Que esculpe a rocha sem mágoa
Sou feita do amor sem trégua
Sem compasso nem régua
Sou o inesperado orvalho que rega
A colorida flor que se entrega
Não sou descanso nem remanso
Não sou a paz que anseias
Sou um tempo de cheias
Que te faz correr o sangue nas veias
Sou pior que uma intempérie
Sou um desvelo em série
Sou o abandono da tua calma
Sou o desejo inocente de tua alma
Sou um mundo feito de teias
Sem enredos nem peias
Sou coisa sem tempo nem espaço
Sou só o que desejas no teu regaço.
António Viana
(modificações para o feminino)
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