EU... Eu, eu mesmo... Eu, cheia de todos os cansaços, Quantos o mundo pode dar. — Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu, E até as estrelas, ao que parece, Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças... Que crianças não sei... Eu... Imperfeita? Incógnita? Divina? Não sei... Eu... Tive um passado? Sem dúvida... Tenho um presente? Sem dúvida... Terei um futuro? Sem dúvida... A vida que pare de aqui a pouco... Mas eu, eu... Eu sou eu, Eu fico eu, Eu... (Fernando Pessoa)

19 de julho de 2009

Há os que vivem sem pressa alguma, sem dúvidas, sem angústias, sem assombros e pautados no óbvio.
Para estes, ócio ou deleite, raivas, inconstâncias, temores e paixões são nuances de desequilíbrio. Esqueçam essa louca! A louca que sobrevoar a praça nua em pelo numa vassoura de cipó e assoviar: Ai deu saudade...
A tereré quer lamber a vida que é dela, como só ela sente a profundidade de suas dores.
“A dor é minha e de mais ninguém”.
Egoísta essa maluca, não? Ultra!
Eta, menina doida! Faz todo mundo rir! Por isso é bom ter a doida por perto: É riso certo!
“Mais doido é quem me diz... E não é feliz... Não é feliz...”
O sabor da vida não é único. Ela não me aparece num buffet de sorvetes. Hoje eu quero alegria, amanhã saudade, terça que vem coerência, no comecinho do mês duas bolas de audácia.
O sabor da vida está no improviso, no riso sem sentido, na lágrima que desaba sem vergonha como que falando: Ei, eu vivo! Eu sinto! Eu caminho em passos tortos, nem sempre sobre saltos, nem sempre sobre calçadas, verdade... Eu caminho e muitas vezes não há piso!
Só me resta inventar asas... E voar.
E, assim, ontem bordei um vestido com cores do absurdo. Com pedras e conchas do mar. Travei batalhas com o que não mais me habita e insiste em visitar-me inoportunamente. Acariciei a face da esperança que renasceu no eclipse lunar. Ao deitar-me chamei ao meu coração toda a força que me move. E pensei nos radares, nos monitores, nos dedos em riste e em todas as posturas convenientes...
Pensei na expressão: Loja de Conveniências.
Hoje quase tudo se vende e é comprado. À vista, parcelado no cartão, com cheque... Quase tudo.
Uma adolescente de sandálias de prata e cheiro de brisa me avisou: Não é errado falar bassoura, barrer, prumode, prefume...
E pensei que os gênios às vezes se transformam em fadas e sussurram verdades profundas.
A gente tem é que se permitir.
Originalidade, meu preto, isso aí é que ninguém compra...
Enquanto desfilo meu vestido nas alamedas que ninguém mais vê, vou aprendendo com esses meninos que crescem...
Ninguém no mundo está terminado... Nada é do jeito certo.
Ainda faltam no meu vestido uns bordados com um capim que vem do Tocantins.
E porque muitas vezes me assombro é preciso que alguns me evitem para que eu não extraia a dedo seus furúnculos.
Poesia é anestesia.

Alyne Costa

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"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..." Catetano Veloso

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