
Nos dias, nos, meses, nos anos
E se reencontram em liberdade na velhice da rua.
Ama mais um dia
Mais um dia de vida
Na sensualidade do teu corpo
Que semeia partes
Deixando o néctar de fluidos
Corpo repleto de vaidade
Com os cabelos derrotados
Os dentes falidos
As carnes flácidas
As rugosidades invasoras.
Ama mais um dia
Com orgulho das cicatrizes
Ditadas por nós
Cicatrizes nascidas no escárnio do amor
Na penetração dos corpos desnudados
Pela arte do orgasmo
Pela auto-abjeção à perfeição.
Ama mais um dia
Repousa no leito da procriação
Repousa o teu ser no fálico guerreiro
Que rende a calma do distanciamento
E se entranha na alma do mundo
No cerne de vaginas sedentas do desejo
Nos motes que ficam por gritar
Nos locais que ficam por queimar
Nas heranças orgânicas
E de sofrimento interno
A sangue inerte que fica por conceber.
Ama mais um dia
Supera as limitações do mundo
Para o qual foste atirado
Corre despido e nu
Empunhando a vergonha mutilada como rosas
O coração dilacerado como armas
Mas a vida em pura alforria
LIBERDADE aos corpos que se penetram em êxtase
LIBERDADE todas as horas, todos os minutos, todos os segundos
LIBERDADE na celebração de mais um dia de amor
LIBERDADE de quem mais um dia venceu a morte.
João Cordeiro
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