Bati no portão do tempo perdido,
ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade: a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém,
e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater.
O eco devolve minha ânsia de
entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.
O tempo perdido certamente não existe.
Carlos Drummond de Andrade
ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade: a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém,
e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater.
O eco devolve minha ânsia de
entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.
O tempo perdido certamente não existe.
Carlos Drummond de Andrade
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