Invado sua alma
Sua vontade aríete em meus portões
Calada.
Sua baioneta perfura minha voz, emudeço
Eu não me calo
E eu grito mudo
Eu te endoideço,
São em tua loucura
Tropeço no
Tombo nu
Meu avesso,
Endireito
Que diz não
Sem resistir
E eu digo sim
Cedo
E você pede
Imploro
Afaste-se de mim
Mas não me abandone
Rola dos meus olhos
Reflexos de minha impotência
Uma lágrima carmim
Tinta do meu sangue
Sinto seu anseio
Pela ordem do seu seio
Por um esteio
Firme
Que está guardado
Fechado, lacrado, chave perdida,
Num lago verde
Imenso, infinito, sem fundo
Dos olhos que te chamam
A me afogar
E reclamam
O Divino Direito à coroa de meu Desejo
Sua retina
Embaciada
Que me ilumina
Com o reflexo de sua luz
Que me fascina
Qual escudo de Perseu, qual lago de Narciso
Os medos te roubaram Prestidígitos
De mim
A face que refletem
Tento vencê-los
Com olhar-magia e língua-espada
Por você
Pela tua imagem
E por mim
Reflexa em meus olhos
Por minutos penso que sim
Na sala de espelhos
Irei detê-los
Peito aberto, sibilábios
Eles avançam
Temores intemeratos de si mesmos
Punhais me lançam
Sem mirar-te os olhos, ou resvalar teu coração
Eu me defendo
Sibila
Eu não me rendo,
Magia
Eu só te entendo
E me arrependo
E chega a hora
Ao som do sinete
De ir embora
Ao reino de sombra e luz
E sua alma invado
Portão arrebentado
Novamente...
Dança, macabramante, em minha mente.
Maria Júlia Pontes e Alexei Gonçalves
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