Mulher má esta que traz na pele apenas vontade de ser inteira.Que se despe de vestes e de preconceitos e, como uma felina, caminha suavemente por entre as pedras da calçada. Não procura presas apenas mantém o olhar sempre firme no horizonte. Quando a vontade lhe saliva a boca joga as garras e de uma assentada ingere, lambe, sua e degusta. E segue o seu caminho. Bamboleando a traseira deixando no ar o rasto e o odor da vontade. Sem esforço não se cansa de caminhar, sempre ao mesmo ritmo. O rosto, imutável, mantém a cor e o traço, sem se lhe conseguir adivinhar o estado de espírito. Esta mulher má alimenta-se da ganância, da inveja e do ódio. Consome-os para assim os anular sem nunca se deixar consumir. Quanto mais há à sua volta mais vontade tem de comer adivinhando onde se escondem. Estes pecados tornam-se mortais para quem a seu redor se tenta aproximar. Num ápice as garras marcam a pele e o território. Quem lhe conquista a cúpula é quem, igual a si, vê que o horizonte não é o firmamento mas uma linha sem fim onde as utopias são reais e as presas são mais do que membros que caminham apinhados de rancor.
Madalena
Madalena
Nenhum comentário:
Postar um comentário